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ELEVADOR
Classe média se muda
para entrar nos trilhos
ALEXANDRE SAMMOGINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma região bem localizada,
perto do metrô, com oferta de
apartamentos de dois e três dormitórios, relativamente segura e
com facilidade de acesso a escolas.
Esses são alguns ingredientes
que conspiraram para que Vila
Mariana e Saúde se tornassem os
distritos com a maior concentração de população da chamada
classe média da cidade, segundo
análise da Urban Systems Brasil.
Em seguida, figuram os distritos
da Liberdade e da Bela Vista, também próximos do metrô e dos pólos comerciais da avenida Paulista
e do centro antigo. A consultoria
considerou como classe média a
faixa das famílias cujo chefe recebe de cinco a 20 salários mínimos.
"Vila Mariana, Saúde e o corredor sul que acompanha a linha do
metrô têm vocação para atrair a
classe média, e não é por acaso
que a demanda ainda hoje é superior à oferta", diz Oswaldo Lopes,
gerente da Seabra Consultoria.
Há duas décadas, a coqueluche
era comprar um imóvel em Moema e imediações. Mas o distrito se
tornou altamente valorizado.
Então o mercado descobriu a
Vila Mariana no final dos anos 80.
"Mas ela já está se "elitizando", e as
opções para a classe média estão
indo para Saúde e Jabaquara", diz
Carlos Alberto Innocencio, diretor da construtora Galli CGN.
Ele explica que o fenômeno
acontece em outras regiões da cidade, como o distrito da Vila Leopoldina, que recebe o público que
antes procurava Pinheiros e Lapa.
"Hoje verificamos uma diversificação dos distritos com elevado
número de lançamentos voltados
para a classe média", diz Basílio
Jafet, vice-presidente do Secovi.
"Centrão"
O futuro do nicho de imóveis
para a classe média, porém, depende do acesso às linhas de crédito, que pelo menos em 2002 não
foi tão fácil. "O mercado teve resultado fraco para essa faixa em
2002", afirma Sérgio Vieira, da
imobiliária Coelho da Fonseca. O
alto padrão foi o mais promissor.
"O acesso ao financiamento de
imóveis de médio padrão caiu
cerca de 30%", estima Jafet.
A chamada classe média baixa,
cujo chefe de família tem rendimento entre cinco e dez salários
mínimos, tem menos acesso ainda ao financiamento e recorre ao
aluguel. Uma das regiões procuradas hoje tem sido o centro.
"Quem não tem filhos e busca
aluguel mais barato está percebendo que o "centrão" é uma boa
alternativa", afirma Renato
Cymbalista, do Instituto Pólis.
A coordenadora do programa
municipal Morar no Centro, Helena Menna Barreto, diz que a
área deverá atrair moradores com
seu projeto de reabilitação. Hoje a
taxa de vacância não motiva a
construção de novos imóveis.
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