UOL


São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEVADOR

Classe média se muda para entrar nos trilhos

ALEXANDRE SAMMOGINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma região bem localizada, perto do metrô, com oferta de apartamentos de dois e três dormitórios, relativamente segura e com facilidade de acesso a escolas.
Esses são alguns ingredientes que conspiraram para que Vila Mariana e Saúde se tornassem os distritos com a maior concentração de população da chamada classe média da cidade, segundo análise da Urban Systems Brasil.
Em seguida, figuram os distritos da Liberdade e da Bela Vista, também próximos do metrô e dos pólos comerciais da avenida Paulista e do centro antigo. A consultoria considerou como classe média a faixa das famílias cujo chefe recebe de cinco a 20 salários mínimos.
"Vila Mariana, Saúde e o corredor sul que acompanha a linha do metrô têm vocação para atrair a classe média, e não é por acaso que a demanda ainda hoje é superior à oferta", diz Oswaldo Lopes, gerente da Seabra Consultoria.
Há duas décadas, a coqueluche era comprar um imóvel em Moema e imediações. Mas o distrito se tornou altamente valorizado.
Então o mercado descobriu a Vila Mariana no final dos anos 80. "Mas ela já está se "elitizando", e as opções para a classe média estão indo para Saúde e Jabaquara", diz Carlos Alberto Innocencio, diretor da construtora Galli CGN.
Ele explica que o fenômeno acontece em outras regiões da cidade, como o distrito da Vila Leopoldina, que recebe o público que antes procurava Pinheiros e Lapa.
"Hoje verificamos uma diversificação dos distritos com elevado número de lançamentos voltados para a classe média", diz Basílio Jafet, vice-presidente do Secovi.

"Centrão"
O futuro do nicho de imóveis para a classe média, porém, depende do acesso às linhas de crédito, que pelo menos em 2002 não foi tão fácil. "O mercado teve resultado fraco para essa faixa em 2002", afirma Sérgio Vieira, da imobiliária Coelho da Fonseca. O alto padrão foi o mais promissor.
"O acesso ao financiamento de imóveis de médio padrão caiu cerca de 30%", estima Jafet.
A chamada classe média baixa, cujo chefe de família tem rendimento entre cinco e dez salários mínimos, tem menos acesso ainda ao financiamento e recorre ao aluguel. Uma das regiões procuradas hoje tem sido o centro.
"Quem não tem filhos e busca aluguel mais barato está percebendo que o "centrão" é uma boa alternativa", afirma Renato Cymbalista, do Instituto Pólis.
A coordenadora do programa municipal Morar no Centro, Helena Menna Barreto, diz que a área deverá atrair moradores com seu projeto de reabilitação. Hoje a taxa de vacância não motiva a construção de novos imóveis.


Texto Anterior: Família progride com a evolução do "puxadinho"
Próximo Texto: Comodidade atrai moradores para a zona sul
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.