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SUBSOLO
Sem programas de habitação, classe E
se agrupa nas áreas extremas da cidade;
região central atrai os moradores de rua
Periferia e centro polarizam exclusão
ANA PAULA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O morador com renda inferior a
três salários mínimos até poderia
sonhar com a casa própria contando com a ajuda de políticas
públicas como a da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), do governo
do Estado, e a da Cohab (Companhia de Habitação), municipal.
Porém desde 1995 a Cohab não
abre inscrições, pois ainda existem 100 mil famílias na fila de espera. A CDHU há cinco anos encerrou na capital os sorteios dos
imóveis. Ambos não têm previsão
para a retomada do processo.
"Não há programas habitacionais para a compra de imóveis
nem linhas de crédito para quem
ganha menos de três salários mínimos", afirma Paulo Teixeira, secretário municipal da Habitação.
Segundo pesquisa da consultoria Urban Systems Brasil, Marsilac (zona sul) é o distrito que mais
concentra população da classe E
-chefe de família que ganha menos de dois salários mínimos-,
com 53,5% do total. Lajeado (zona leste) é o segundo, com 34,4%.
Já segundo dados do IBGE, o
distrito com maior concentração
de favelas na capital -independentemente do rendimento salarial- é a Vila Andrade (zona sul),
com 45,69% dos moradores.
Em segundo lugar, com 27% do
total, Jaguaré (zona oeste) deve
ser o único distrito com grande
número de favelas a dar um salto
imobiliário com o Plano Diretor.
A previsão é de Thomaz Assumpção, presidente da Urban
Systems. Para ele, a futura saída
da Ceagesp para o Rodoanel gerará "remodelagens" nos bairros.
Fonte de lixo
O centro lidera o ranking de
moradores de rua por pernoite,
segundo o Mapa da Exclusão/Inclusão Social de 2000 da PUC-SP.
Diariamente dormem na Sé, 773
pessoas. Além disso, há 11 abrigos
públicos no centro e 60 na capital.
Segundo Viviane Patrício Delgado, 42, supervisora de assistência social da Sé, o motivo de o centro liderar o ranking -8.706 moradores de rua- são as sobras do
comércio. "Restaurantes, indústrias e confecções produzem muito lixo reciclável. Daí a procura."
O lixo atrai não só moradores de
rua mas também os da periferia,
como Débora Aparecida de Lima,
17, da favela Horizonte Azul (extremo da zona sul). "Eu e meu
marido tiramos R$ 500 por mês."
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