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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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SUBSOLO

Sem programas de habitação, classe E se agrupa nas áreas extremas da cidade; região central atrai os moradores de rua

Periferia e centro polarizam exclusão

ANA PAULA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O morador com renda inferior a três salários mínimos até poderia sonhar com a casa própria contando com a ajuda de políticas públicas como a da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), do governo do Estado, e a da Cohab (Companhia de Habitação), municipal.
Porém desde 1995 a Cohab não abre inscrições, pois ainda existem 100 mil famílias na fila de espera. A CDHU há cinco anos encerrou na capital os sorteios dos imóveis. Ambos não têm previsão para a retomada do processo.
"Não há programas habitacionais para a compra de imóveis nem linhas de crédito para quem ganha menos de três salários mínimos", afirma Paulo Teixeira, secretário municipal da Habitação.
Segundo pesquisa da consultoria Urban Systems Brasil, Marsilac (zona sul) é o distrito que mais concentra população da classe E -chefe de família que ganha menos de dois salários mínimos-, com 53,5% do total. Lajeado (zona leste) é o segundo, com 34,4%.
Já segundo dados do IBGE, o distrito com maior concentração de favelas na capital -independentemente do rendimento salarial- é a Vila Andrade (zona sul), com 45,69% dos moradores.
Em segundo lugar, com 27% do total, Jaguaré (zona oeste) deve ser o único distrito com grande número de favelas a dar um salto imobiliário com o Plano Diretor.
A previsão é de Thomaz Assumpção, presidente da Urban Systems. Para ele, a futura saída da Ceagesp para o Rodoanel gerará "remodelagens" nos bairros.

Fonte de lixo
O centro lidera o ranking de moradores de rua por pernoite, segundo o Mapa da Exclusão/Inclusão Social de 2000 da PUC-SP. Diariamente dormem na Sé, 773 pessoas. Além disso, há 11 abrigos públicos no centro e 60 na capital.
Segundo Viviane Patrício Delgado, 42, supervisora de assistência social da Sé, o motivo de o centro liderar o ranking -8.706 moradores de rua- são as sobras do comércio. "Restaurantes, indústrias e confecções produzem muito lixo reciclável. Daí a procura."
O lixo atrai não só moradores de rua mas também os da periferia, como Débora Aparecida de Lima, 17, da favela Horizonte Azul (extremo da zona sul). "Eu e meu marido tiramos R$ 500 por mês."


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