São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2002

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Localização é o bem e o mal da Barra Funda

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Como em outros pontos da cidade, um grande empreendimento comercial funciona como isca para lançamentos residenciais. No caso da Barra Funda, o chamariz atende pelo nome de Complexo Empresarial Água Branca.
A chegada do complexo e de outros prédios comerciais na região faz o mercado imobiliário apostar que a paisagem da região vai mudar muito nos próximos dois anos, recebendo condomínios de médio e alto padrões.
Além do centro empresarial, a localização e a facilidade de acesso ajudam na viabilidade do bairro, que abriga um terminal formado pelas linhas de trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), juntamente com ônibus interestaduais e de linhas urbanas.
Mas a localização tem seu lado deletério. Com o rio Tietê como vizinho, a Barra Funda sofre com as enchentes. Moradora de uma casa na rua do Bosque, Maria Antonieta, 68, afirma que várias pessoas estão querendo vender seus imóveis no bairro. "Basta pouca chuva para virar um inferno."
A Prefeitura de São Paulo reconhece que ainda não tem nenhum projeto para acabar com as enchentes na Barra Funda.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria do Planejamento Urbano, a região só poderá ter obras de ampliação das galerias depois que forem concluídos os trabalhos, a cargo do governo do Estado, de rebaixamento de calha do rio Tietê, que deverão ter início em fevereiro.

Samba
"Alô, alô, gente bamba, é na Barra Funda que mora o samba." Esse grito de guerra antecede todos os anos a entrada da escola de samba Camisa Verde-e-Branco no Sambódromo. Magali dos Santos, 53, presidente da escola, nasceu e foi criada no bairro.
Ela diz estar otimista com a chegada de novos prédios residenciais à região. "A Barra Funda merece ser valorizada. A infra-estrutura daqui é excelente."
É verdade. Além do farto transporte, o distrito é bem servido de comércio, escolas e hospitais.
Apesar das inúmeras placas de venda espalhadas pelo bairro, há quem não arrede o pé da Barra Funda. "Acredito muito nesse lugar", atesta o empresário Carlos Manoel dos Santos, 45, que mora na Barra Funda, mas possui escritório na região central.
Magali faz o inverso. Apesar de frequentar a Barra Funda quase todos os dias, ela mora atualmente na zona norte. "Ainda tenho esperanças de voltar para a Barra Funda, construir uma casa bem linda e morar com meus filhos e netos", sonha. (EFo)


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