São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2002

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Butantã é "inundado" de novos lançamentos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes classificado como bairro distante e castigado pelas enchentes, o Butantã é hoje um dos endereços nobres da zona oeste. O bairro está sendo inundado agora por empreendimentos residenciais de médio e alto padrões.
São 34 projetos aprovados pela prefeitura, além de muitas outras edificações que estarão surgindo no bairro nos próximos dois anos. Ruas como a Pedro Inácio de Araujo atestam que a produção imobiliária está a todo o vapor.
Alguns motivos para o crescimento são promessas, como as inaugurações do Rodoanel e de uma linha do metrô.
Mas há também razões visíveis. A principal delas é o verde, presente em vários pontos do Butantã. De acordo com a administração regional do distrito, são 3,7 milhões de metros quadrados de área verde. Significam mais de dois parques Ibirapuera.
Contudo, o verde em abundância também está nos matagais que cobrem os espaços públicos. "Isso é muito descaso", reclama o aposentado Dirceu Galindo, 70.
Galindo faz questão de ressaltar que, assim como qualquer bairro, o Butantã abriga problemas. "Mas em compensação aqui há de tudo." E ele tem razão. Comércio variado, agências bancárias, transportes e fácil acesso ao centro. "Com o Rodoanel, o trânsito aqui vai ficar uma beleza", aposta.

Vergonha
"Nos últimos dez anos, nosso bairro recebeu muitos benefícios", conta Roberto Gonçalves, 49, que há 20 anos tem uma loja de produtos esotéricos no bairro.
Ele se lembra do tempo em que bastava uma simples chuva para alagar o bairro inteiro. Tanto que o seu estabelecimento, localizado na avenida Escola Politécnica, foi construído bem acima do nível do solo para evitar inundações.
"Antes da canalização do córrego dessa avenida, os moradores corriam para a minha loja para salvar seus móveis e eletrodomésticos", recorda-se.
"Antigamente eu tinha vergonha de dizer que morava no Butantã", revela a estudante Karina de Oliveira, 19. "Quando se falava o nome do bairro, as pessoas só associavam às cobras", comenta, referindo-se ao tradicional instituto do bairro. Karina diz que agora tem orgulho. (EFo)


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