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reportagem de capa
Especialista recomenda transparência
AVALIAÇÃO >> Para "biógrafo" do Google, empresa deveria ficar mais aberta à medida que cresce de tamanho e importância
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O atual momento do Google,
cheio de críticas e ataques, lembra uma fase de outro gigante
da tecnologia, a Microsoft dos
anos 1990.
Especialistas ouvidos pela
Folha apontam algumas semelhanças entre o Google e a empresa fundada por Bill Gates,
na época em que ela era acusada de monopólio e condenada
por práticas comerciais ilegais.
John Battelle, autor do livro
que conta sobre o crescimento
do Google -"A Busca - Como o
Google e Seus Competidores
Reinventaram os Negócios e
Estão Transformando Nossas
Vidas"-, diz que, entre os obstáculos enfrentados pela Microsoft que agora desafiam o
gigante das buscas, estão o domínio do mercado, sua própria
cultura corporativa e a perda
de empregados vitais para empresas emergentes e "queridinhas" dos investidores, como
Twitter e Facebook.
Porém Richard L. Brandt,
que conta a história dos fundadores da empresa no livro "Inside Larry & Sergey's Brain",
faz a ressalva: "O Google não é
mau como as pessoas pensam".
Um grande trunfo do Google
para não se tornar uma nova
Microsoft é ter a possibilidade
de olhar para o passado e
aprender o que fazer ou não.
Para Battelle, a companhia
deve evitar a arrogância e decisões que visem apenas o curto
prazo.
Já Brandt diz que o Google
aprendeu com a Microsoft a fazer lobby de maneira mais inteligente, para não sofrer restrições de governos. "O Google
aprendeu a não supor que algo
está dentro da lei ou supor que
as pessoas vão concordar com o
que ele faz", completa ele.
Os dois afirmam que os ataques e críticas sofridos pela
companhia californiana não
são justificados. Battelle diz:
"Algumas reclamações fazem
perfeito sentido, mas, no geral,
eu acho que a companhia sempre tenta fazer a coisa certa".
Confira abaixo os melhores
momentos das entrevistas com
os dois.
(BRUNO ROMANI)
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
FOLHA - O Google é a "nova Microsoft"? Quais os paralelos e as diferenças entre as duas empresas?
JOHN BATTELLE - Eu diria que o
Google tem muito dos mesmos
desafios que a Microsoft tinha
nos anos 1990, e se encontra
em uma posição parecida: domínio do mercado, cultura de
uma grande corporação, perda
de funcionários vitais para empresas emergentes e queridinhos dos investidores, como
Twitter e Facebook.
RICHARD L. BRANDT - Existe muita
gente que parece acreditar que
o Google é a nova Microsoft. Eu
vejo muitos paralelos, mas digo
que o Google não é tão mau como as pessoas pensam.
FOLHA - Os ataques e críticas contra o Google são justificados?
BATTELLE - O Google é uma
companhia muito poderosa cujas ações impactam milhões de
pessoas e empresas. Um bom
número deles tem reclamações
que fazem sentido perfeitamente. Porém, no geral, eu
acho que a companhia tenta
sempre fazer a "coisa certa".
Mas, por vezes, ela vai falhar.
BRANDT - Não são. Eu conheci e
entrevistei as pessoas do Google, e eles estão sempre tentando fazer a coisa certa. Eles não
estão tentando tirar os lucros
das editoras, ou tentando invadir as nossas privacidades, ou
tentando dominar nossas vidas.
FOLHA - Quais são as coisas que o
Google deve evitar para não ganhar
o status de nova Microsoft? O que o
Google aprendeu com a Microsoft?
BATTELLE - Evitar arrogância e
decisões "míopes", que visam o
curto prazo.
BRANDT - O Google aprendeu
que precisa fazer lobby de maneira mais esperta para não sofrer restrições de governos;
aprendeu que não deve supor
que algo está dentro da lei ou
supor que as pessoas vão concordar com o que ele faz. Porém
o Google ainda tem um grande
problema: Larry e Sergey [fundadores da empresa] não gostam de falar com a imprensa. E,
ficando por trás das câmeras, as
pessoas nunca vão aprender a
confiar neles.
FOLHA - Quais são os benefícios para as pessoas por ter o Google sob
constante ataque? E quais são os benefícios que uma companhia feito o
Google traz às pessoas?
BATTELLE - O Google fez um
bem imensurável ao mundo.
Porém, conforme o seu poder
aumenta, ele terá que se tornar
mais transparente.
BRANDT - O benefício de ter o
Google sempre em xeque é que
isso ajuda a manter a companhia honesta. Se o poder corrompe, então isso ajudará a
mantê-lo incorrompido. Mas é
uma pena que muitos dos ataques são errôneos e geralmente
instigados pela concorrência.
Já o público ganha muito por
ter uma companhia como o
Google. Antes do Google, as ferramentas de busca eram desonestas; antes programas de
computador eram caros; antes
os celulares eram fechados; antes não podíamos ler livros fora
de catálogo; antes era caro fazer
uma ligação internacional. O
Google não é o único fazendo
isso, mas é o líder e faz mais que
a maioria.
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