São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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TECNOLOGIA

Teste reúne cientistas de Londres e dos EUA

Gesto virtual passa sensação realista

Divulgação
Phantom, braço mecânico que transmite sensações pela internet


FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

O mundo virtual da internet começa a se aproximar do real. Pelo menos é o que cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido estão tentando concretizar, transmitindo sensações pela rede e realizando um aperto de mão virtual realista, em uma cena que poderia ter saído do filme "Matrix".
Do conforto de seus escritórios em Londres e Boston, separados pelo oceano Atlântico e a mais de 4.500 quilômetros de distância, dois cientistas foram capazes de se cumprimentar pela primeira vez por meio da internet, em uma experiência realizada na semana passada.
Usando um equipamento produzido pela empresa americana SensAble Technologies, eles apertaram as mãos e ainda levantaram uma caixa juntos.
"O que eles mostraram nessa experiência é que já é possível interagir com o computador em três dimensões", diz Tom Ellery, da SensAble Technologies.
Para que o aperto de mão transcontinental acontecesse, os dois cientistas contaram com a ajuda do Phantom (fantasma, em inglês), um braço mecânico com uma espécie de caneta bem grossa na ponta. É ele que transmite a percepção dos movimentos.
Não é só isso. "Além da força resultante do movimento, o Phantom permite sentir também a qualidade do objeto - se é mole ou duro, como madeira ou como carne", comentou a professora Mel Slater, da Universidade de Londres, logo após a experiência.
"O toque é o aspecto mais difícil de simular em ambientes virtuais", completou ela. Na outra ponta da linha estava o professor Mandayan Srinivasan, do laboratório do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston.
Após se cumprimentarem com um aperto de mãos virtual, os dois professores fizeram força juntos para levantar uma grande caixa preta. O experimento foi um sucesso.
Diferentemente de outros aparelhos, o Phantom é um equipamento cuja função é a de ser um canal de entrada e saída de informações do computador.
"Quando você segura na manopla e balança o Phantom, você está enviando uma informação", diz Ellery. "E quando você sente a forca de volta, ela está saindo do computador", termina. Então, com a ajuda dele, é possível movimentar objetos virtuais -como ocorreu durante o experimento.
Para que a experiência desse certo, os cientistas usaram uma conexão de internet extremamente rápida. As informações foram transmitidas de um lado para o outro do oceano através de uma rede dedicada de 10 Mbps (cerca de 200 vezes mais rápida que a transmissão doméstica, com modem convencional).
Isso porque qualquer atraso no envio das informação pode gerar uma confusão de sentimentos. O resultado deixou os cientistas animados.

Só para negócios
Um dos usos para uma tecnologia como essa é o desenvolvimento de novos produtos.
"O Phantom já é usado por empresas como Nike, Reebok e Adidas", informa Ellery. Segundo ele, por capacitar as pessoas a interagirem com objetos em três dimensões, o equipamento pode agilizar o desenvolvimento de qualquer tipo de produto.
"Acreditamos que um tênis, por exemplo, possa ser criado em 50% do tempo levado antes", acrescenta.
Quem quiser brincar com o Phantom em casa, no entanto, vai ter que esperar bem mais. Isso porque ainda não se sabe como ele poderia ser utilizado por usuários domésticos. Além disso, o preço ainda é bastante salgado. Um Phantom custa pelo menos US$ 1.350, mas pode chegar a até US$ 60 mil, dependendo das aplicações que o acompanharem.
O braço mecânico começou a ser desenvolvido em 1993, no Massachusetts Institute of Technology. (GUSTAVO POLONI)



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