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SEGURANÇA
EUA cogitaram reconfigurar a internet para identificar usuários, mas governo diz ter descartado proposta
Plano impediria anonimato on-line
JOHN MARKOFF
DO "THE NEW YORK TIMES"
O Pentágono (centro de defesa
dos EUA) está planejando criar
um enorme banco de dados de
transações eletrônicas, que seriam analisadas para detectar indícios de atividade terrorista.
Mas o governo dos EUA diz rejeitar outra idéia de vigilância: rotular os dados que circulam na internet com marcadores pessoais
únicos, de modo a impossibilitar
o uso anônimo da rede.
A idéia, que foi discutida numa
reunião na Califórnia, em agosto,
desencadeou uma disputa irada
entre cientistas da computação e
especialistas em política convocados para avaliar suas implicações.
Conhecido como eDNA, o plano previa o desenvolvimento de
uma nova versão da internet, que
incluiria setores nos quais seria
impossível conservar o anonimato. A tecnologia dividiria a rede
em "rodovias públicas", nas quais
o internauta precisaria ser identificado, e "vielas privadas", que
não exigiriam identificação.
Várias pessoas familiarizadas
com as discussões em torno do
eDNA disseram que essas zonas
seguras se aplicariam primeiro a
funcionários do governo ou da
polícia. Em seguida, seriam ampliadas para incluir organizações
em que a segurança é importante,
como instituições financeiras, e
depois ampliadas ainda mais.
Uma descrição do eDNA enviada aos 18 participantes da reunião
dizia: "Todos os recursos de rede
e do cliente conservariam traços
de eDNA dos usuários, de modo
que o usuário pode ser identificado como alguém que visitou tal site, iniciou tal processo ou enviou
tal informação. Desse modo, os
recursos e aqueles que os utilizam
formam uma "cena do crime" virtual contendo evidências da identidade dos usuários, mais ou menos da mesma maneira que uma
cena de crime na vida real contém
traços do DNA das pessoas".
A proposta teria sido uma de
uma série de iniciativas tecnológicas que vêm sendo estudadas pela
administração Bush como parte
do esforço para combater o potencial para novos ataques terroristas nos EUA. As iniciativas incluem planos para rastrear e monitorar as atividades eletrônicas
de cidadãos americanos.
Vigilância
Nas últimas semanas, uma proposta da Agência de Pesquisas
Avançadas em Projetos de Defesa
(Darpa), que é subordinada ao
Pentágono, vem atraindo críticas
contundentes por seu potencial
de prejudicar as liberdades civis.
O projeto está sendo dirigido
por John Poindexter, assessor de
segurança nacional do presidente
Ronald Reagan.
Poindexter voltou ao Pentágono em janeiro para dirigir o Escritório de Conscientização de Informações da agência, que tenta implantar um sistema de vigilância
com o qual policiais e analistas de
informações poderiam consultar
dados de transações eletrônicas,
desde dados de cartões de crédito
até registros de veterinários, nos
EUA e em nível internacional, para ajudar na caçada a terroristas.
Já com o eDNA, o internauta teria de fornecer elementos de identificação pessoal, como voz ou
impressão digital, para poder percorrer determinadas regiões da
internet. Isso, por sua vez, se
transformaria numa assinatura
eletrônica que poderia ser fixada
ao fim de cada mensagem ou atividade do usuário na internet. Essa assinatura poderia ser rastreada até chegar a sua origem.
A idéia do eDNA foi visualizada
num debate particular que incluiu
o diretor da Darpa, Tony Tether, e
uma série de pesquisadores de informática. Segundo uma fonte,
Tether teria perguntado por que
os ataques na internet não podem
ser rastreados até seu ponto de
origem, e ouvido que, devido à estrutura atual da rede, nem sempre
é possível fazer isso.
A Darpa deu um contrato de
US$ 60 mil à SRI International,
uma empresa de pesquisas da Califórnia, para que estude a idéia do
eDNA. A SRI promoveu uma reunião em agosto para avaliar a viabilidade da proposta.
O encontro reuniu vários pesquisadores importantes na área
de segurança de computadores e
cientistas da computação famosos. Ele foi presidido por Victoria
Stavridou, cientista da computação que trabalha para a SRI.
A tecnologia eDNA foi criticada
por quase todos os participantes
-segundo vários deles, por razões tanto técnicas quanto de defesa da privacidade. Vários especialistas disseram que o eDNA
não resolveria os problemas que
se propunha a resolver.
Num e-mail enviado ao grupo
em 15 de outubro, a cientista informou que representantes da
Darpa estavam interessados em
desenvolver a tecnologia.
Mas, na semana passada, a Darpa disse que não pretende desenvolver a tecnologia. Stavridou não
foi encontrada para comentar o
assunto.
Tradução de Clara Allain
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