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RAÍZES ON-LINE
Listas ajudam a encontrar antepassados, sites revelam origens e programas geram árvores genealógicas
Descubra a história do seu sobrenome
VIVIANE ZANDONADI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nome e sobrenome são a nossa primeira noção de pertencer. Cravados em documentos, localizam a gente na família, na geografia e
na história do planeta.
Qual a biografia do Cavalcanti,
do Silva, do Souza, do Almeida? A
genealogia estuda a origem e a
composição das famílias a partir
do sobrenome. Os resultados são
árvores genealógicas que respondem às perguntas acima e podem
revelar doenças hereditárias e indicar se o indivíduo tem direito à
dupla cidadania ou herança.
Mesmo que o objetivo da pesquisa não ultrapasse os limites da
genuína curiosidade, a investigação pede visitas a arquivos públicos, cartórios e cemitérios. É preciso interpretar documentos antigos, vasculhar a poeira e entrevistar os mais velhos. O braço direito
do entusiasta é a internet.
A carioca Regina Cascão, 54,
aprendeu cedo que ninguém fica
impune por carregar sobrenome
tão curioso. Habituada a brincadeiras, passa de três a quatro horas por dia estudando-o. "O ramo
da família é de Beiriz, Concelho de
Póvoa do Varzim, Distrito do
Porto, Portugal." A internet ajudou. Regina buscou no banco de
dados do ICQ (www.icq.com)
outros Cascão e identificou parentesco. Até já foi para Recife
(PE) garimpar raízes. "Mapeei o
sobrenome até 1600, quando nasceu meu décimo-avô. Se a pesquisa fica muito difícil, os defuntinhos nos inspiram."
Sem sair de casa
Se a ajuda sobrenatural parece
assunto subjetivo, na prática as
buscas são agilizadas no PC.
Os sites localizam pessoas e mapeiam origens. Amadores e profissionais comunicam-se por e-mail, publicam na rede e executam pesquisa sob encomenda. Para ter uma idéia, um estudo à distância, com o investigador na Itália, pode custar cerca de US$ 50.
Quando as fontes internacionais utilizam o correio eletrônico
como ferramenta, é possível escrever para o país de origem da família pesquisada e pedir cópias de
documentos. O retorno acontece
em dias, às vezes horas.
A mídia digital arquiva tantos
dados cujo volume prateleiras
reais não suportariam. Os softwares, por sua vez, ajudam a administrar tais informações.
"A primeira regra é manter um
saudável ceticismo. Se a informação da internet parece ser a resposta para sua prece, duvide. Tais
fontes são só orientação. Confirme cada detalhe", diz a genealogista Kimberly Powell (http://genealogy.about.com). "Todos podem cometer erros", orienta.
Há quem questione o rigor científico da atividade, por acreditar
que o que faz o homem é o ambiente em que vive, não o sangue
familiar. Mas não há dúvida de
que os passos dos antepassados
podem retratar com realismo a
história de um país.
O antropólogo Darcy Ribeiro
(1922-1997) dizia que os brasileiros são "carne da carne daqueles
pretos e índios supliciados" e que
sua herança era viver para sempre
marcados pela brutalidade sofrida por eles. Ribeiro acreditava
que tal memória permitiria aos descendentes mudar o Brasil.
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