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E-mail, compras on-line, caixas eletrônicos, celulares e até pedágios facilitam monitoramento de indivíduo
Tecnologias atuais já permitem vigilância
Reprodução
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Site do Pentágono, que desenvolve sistema de monitoramento |
JOHN MARKOFF
JOHN SCHWARTZ
DO ""THE NEW YORK TIMES"
Dentro do quadro da pesquisa
que o Pentágono (comando militar dos EUA) está fazendo para
deter o terrorismo por meio do
monitoramento eletrônico da população civil, o detalhe mais notável talvez seja o fato de que a
maior parte das peças que compõem o sistema já está instalada.
Devido à presença cada vez
maior da internet e de outras tecnologias digitais no cotidiano das
pessoas nos últimos dez anos, está
cada vez mais possível reunir poderes de vigilância dignos de um
"grande irmão" empregando
meios próprios de um "pequeno
irmão".
Os componentes básicos incluem tecnologias digitais como o
e-mail, as compras e reservas de
passagens on-line, os sistemas de
caixa eletrônico, as redes de telefonia celular, os sistemas de pagamento eletrônico de pedágio e os
terminais de pagamento de cartões de crédito.
O trabalho principal que o Pentágono ainda teria consistiria em
criar softwares capazes de interligar essas fontes de dados numa
imensa malha eletrônica.
Os tecnólogos dizem que os tipos de filtragem computadorizada de dados e comparação eletrônica de padrões que poderiam
alertar os órgãos do governo para
atividades suspeitas e coordenar
sua vigilância não diferem em
muito de programas que já são
usados por empresas privadas.
Tais programas identificam atividade incomum de cartões de
crédito, por exemplo, ou permitem que várias pessoas possam
colaborar num projeto, mesmo
estando em lugares diferentes.
Em outras palavras, a população civil já aderiu de bom grado
aos pré-requisitos técnicos para o
sistema nacional de vigilância a
que os planejadores do Pentágono deram o nome de Total Information Awareness, ou Tia (Consciência de Informação Total). A
novidade possui uma certa ressonância histórica porque foi a
agência de pesquisas do Pentágono que, nos anos 1960, financiou a
tecnologia que levou diretamente
ao surgimento da internet moderna. Hoje, a mesma agência -a
Agência de Projetos Avançados
de Pesquisa em Defesa, ou Darpa,
devido a suas iniciais em inglês-
está usando tecnologia comercial
que evoluiu a partir da rede introduzida por ela própria.
Conhecida como Arpanet, a primeira geração da internet era feita
de correio eletrônico e softwares
de transferência de arquivos, ligando pessoas a pessoas. A segunda geração ligou pessoas a
bancos de dados e a outras informações, por meio da World Wide
Web (ambiente gráfico com links
entre sites). Agora, uma nova geração de software liga computadores diretamente a outros computadores.
E é essa a chave do projeto Tia,
que é supervisionado por John M.
Poindexter, que foi assessor de segurança nacional dos EUA durante o governo de Ronald Reagan. Em 1990, Poindexter foi considerado culpado de crime por
sua participação no caso Irã-Contras, mas a condenação foi revogada por um tribunal federal de
apelações -Poindexter tinha recebido imunidade em troca de
seu depoimento ao Congresso.
Embora o sistema proposto por
Poindexter tenha sido largamente
criticado pelo Congresso norte-americano e por grupos de defesa
das liberdades civis, um protótipo
dele já foi implantado e vem sendo testado por organizações de
inteligência militar.
O Tia pode, pela primeira vez,
fazer a conexão entre fontes eletrônicas diferentes, como as imagens de vídeo registradas por câmeras de vigilância instaladas em
aeroportos, transações realizadas
com cartões de crédito, reservas
de passagens aéreas e registros de
telefonemas.
Os dados seriam filtrados por
um software que ficaria constantemente à procura de padrões de
comportamento suspeito.
A idéia é que as polícias ou os
órgãos de inteligência sejam alertados imediatamente para padrões -observados em conjuntos de dados que, de outro modo,
seriam comuns- capazes de indicar ameaças.
Os alertas imediatos permitiriam a revisão rápida dos dados
por analistas humanos. Por
exemplo: o fato de muitos estrangeiros estarem tendo aulas de pilotagem de aviões em diferentes
partes do país poderia não chamar a atenção de ninguém. O fato
de todas essas pessoas reservarem
passagens de avião para o mesmo
dia tampouco. Mas um sistema
capaz de detectar as duas coisas
seria capaz de dar um sinal de
alarme.
Tradução de Clara Allain
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