São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2000

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BOA-VIDA
Executivos aprendem a se organizar, manter a qualidade de vida, conviver com a família e se divertir com aparatos como computadores portáteis e celulares
Tecnologia vence o estresse

CÁSSIO AOQUI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

THAIS ABRAHÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles trabalham duro, até 12 horas por dia, vivem cercados por seus laptops, celulares wap e centenas de e-mails, mas são felizes. Esses são os executivos "desencanados", que dependem da tecnologia mas não deixam isso atrapalhar a sua qualidade de vida.
Diferentemente de muitos de seus colegas, não reclamam de estresse por excesso de informação, conseguem proezas como almoçar em casa e aproveitam os recursos da tecnologia para se informar e se divertir.
Segundo Sandra Moreira, gerente de desenvolvimento de talentos humanos da Manager Assessoria em RH, há dois tipos de executivos. Um é o típico estressado, que convive com a tecnologia mas reclama dela, acumulando todo tipo de informação, sem utilizá-la adequadamente.
Esse profissional se sobrecarrega por causa da má utilização dos equipamentos e não consegue ter tempo para a equipe e para formular estratégias de ação.
"O outro é o que usa a tecnologia a serviço da informação, conseguindo tirar proveito dela para dinamizar o seu dia."
Um exemplo desse perfil é o do consultor de carreiras Rubens Gimael. Apesar da correria do dia-a-dia, entre reuniões, ligações telefônicas e textos especializados em sua área de atuação, Gimael afirma que sempre lê romances.
Também diz ser essencial o contato com a família para aguentar a maratona de 10 a 12 horas de trabalho por dia. Por isso não dispensa o almoço em casa pelo menos duas vezes por semana.
"O importante é saber utilizar as ferramentas, e não ser utilizado por elas", diz. Segundo ele, a melhor forma de fazer isso é julgar e refletir sobre as informações realmente úteis. "Quem compra a idéia de que a quantidade é fundamental tem um problema grave. O importante é saber o que é descartável e o que é verdadeiro."
Outro caso de executivo que diz conviver bem com os acessórios eletrônicos é o do diretor-geral da firma de soluções empresariais Metha Quality, Rogério Lipper, que acha que os aparelhos de fax, computadores, micros de mão e outros equipamentos são fundamentais para a qualidade dos serviços que presta, por facilitar as negociações, a coleta de dados e a comunicação com o cliente.
Ele conta que frequentemente utiliza, ao mesmo tempo, o telefone (para fazer ligações importantes), o micro de mão (para redefinir a agenda) e o computador (para enviar e receber e-mail e fax).
"Sempre afirmo que é fundamental não se esquecer de que são as pessoas que comandam a tecnologia. Ela é só um meio de alcançar o objetivo final, e nunca o objetivo em si", afirma.
Usuário de notebook, micro de mão, fax, celular, pager e computador desktop, Paulo Faria, presidente da Avanade -empresa da Andersen Consulting e da Microsoft que atua na área de informática corporativa-, diz que o segredo para estar informado sem se perder no excesso de dados é planejar o que fazer todo dia.
"Primeiro, classifico tudo o que quero ler. Depois, procuro ver o horário do dia mais adequado para isso: à noite, no avião ou a caminho da empresa", afirma.
O executivo diz ler, no mínimo, dois jornais diários, duas revistas semanais de negócios e duas revistas internacionais mensais, além de receber diariamente mais de cem e-mails em seu notebook.
"Se não me organizasse, passaria o dia todo só lendo e respondendo os e-mails." Faria procura ler apenas o que considera realmente importante no momento, separando o que pode ser potencialmente interessante para outra ocasião. "O melhor dessa conectividade moderna é que somos nós que a controlamos. Podemos estabelecer quando queremos ser encontrados ou não", diz.
O analista de pesquisas Waldir Arévolo descobriu na tecnologia utilidades não só para a sua vida profissional. Como viaja com frequência, gravou no notebook vozes e fotos do filho e da mulher, para matar a saudade. "Sempre encontro uma utilidade interessante para a tecnologia", afirma.
Arévolo conta que não se separa do celular e do notebook. "Eles me acompanham onde for e facilitam bastante meu dia-a-dia. Posso resolver problemas de clientes em qualquer lugar e consigo programar minha semana, decidindo quando vou trabalhar em casa ou no escritório."
A tecnologia pode até ser uma ameaça ou uma fonte de estresse, mas para os que conseguem assimilar seus efeitos sem traumas, acaba se tornando estilo de vida.
Alexandre Campos, administrador de fundos do ING Investment Management também não economiza em tecnologia.
"Sempre compro rápido e, se não uso depois, vendo, troco, ou dou de presente. Nunca deixo nada encostado", declara.
Ele usa o mesmo equipamento para organizar o trabalho e a vida pessoal. "Sem sair do lugar, dá para resolver quase tudo, desde comprar comida para o cachorro e pagar uma conta até enviar relatórios para a empresa."
Marcelo Maia, gerente de marketing da IBM, não vive sem seus novos aparelhos, como micro de mão e notebook.
"A tecnologia proporciona mais tempo livre para a família e para mim", diz.


Colaborou Paula Lago, da Reportagem Local


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