São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NÓS, ROBÔS

Equipes de todo o mundo vão aos EUA e máquinas viram gladiadores; disputa teve representante nacional

Brasileiros encaram rinha de autômatos

DA REPORTAGEM LOCAL

Rinhas de animais, como galos ou cachorros, além de politicamente incorretas, são crimes. Os pobres bichos, quando têm sorte, saem apenas feridos.
Mas no universo dos robôs também existem rinhas. São os campeonatos de lutas de robô. A vantagem é que, se o perdedor sair literalmente quebrado, ele não sentirá dor e ainda por cima poderá ser consertado.
A edição 2005 de uma das mais importantes competições mundiais do tipo, a Robolympics (www.robolympics.net), terminou no último domingo.
O torneio foi realizado na universidade estadual de San Francisco (EUA). Representantes de 12 países disputaram 46 modalidades. O público delirou com as lutas, mas também prestigiou jogos de futebol, disputas de tiro ao alvo e corridas.
Entre os lutadores da categoria meio-pesado, era possível ver um robô cuja arma de ataque era uma hélice. Seus criadores o batizaram de Crap.
Crap foi idealizado, projetado e construído por um grupo de estudantes da Escola de Engenharia Mauá (www.maua.br). Representaram a equipe de engenheiros-competidores, batizada de Soh Toskeira, os alunos Thacia Frank e Paulo Lenz, além do engenheiro Ricardo Doll, formado na faculdade em 2004. Também compõem a equipe os estudantes de mecatrônica Marcelo Conrrallo, Leandro Bortoletto, Rafael Gianesi e Rodrigo Siqueira.
É claro que eles tiveram ajuda para viabilizar o projeto, que custou cerca de R$ 5.000. Graças a uma parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, com a NSK Motion & Control e com a Delphi Automotive Systems, eles puderam equipar Crap com um motor de 3 CV de potência que aciona a hélice de 6 kg a uma velocidade de 2.000 rotações por minuto. Essa é a principal arma dele.
"Crap é uma palavra que pode ser traduzida como "tosco", como falamos no Brasil. Mas é apenas uma brincadeira, pois esse está super bem feito", afirmou à Folha Thacia Frank.
Mesmo assim, ele não chegou à competição com status de favorito, como Max Wedge, o robô da equipe Rotordesign (www.rotordesign.com), que não possui armas como hélices ou serras, mas sua estrutura utiliza titânio, aço e policarbonato, materiais resistentes que dificilmente sofrem danos com os ataques adversários.
Crap voltou inteiro para o Brasil, mas não foi muito longe. Após duas lutas, um problema no cristal, parte responsável pelos sinais de controle, impediu que ele fosse adiante na disputa.
Aparentemente, Max Edge iria confirmar seu favoritismo, mas o robô da equipe Team Attitude, também dos EUA, levou a melhor na final, ficando com o título.

Calendário nacional
Brasileiros podem pensar que nunca poderão acompanhar de perto um torneio de robôs.
Estão errados. O calendário nacional é repleto de eventos do tipo. Um dos próximos é o Winter Challenge, que acontecerá em Campos do Jordão, no interior do Estado de São Paulo.
O internauta confere a agenda de competições no site Guerra de Robôs (www.guerraderobos.com.br). No endereço, há fotos e vídeos dos participantes das competições já realizadas.
Também está em destaque a lista das equipes brasileiras, com as principais informações de cada uma delas, inclusive dados sobre os integrantes e as fotos das estrelas das competições, os robôs.
(FERNANDO BADÔ)


Texto Anterior: Na ciência, criaturas ajudam criadores
Próximo Texto: Custo de robô nacional foi de quase R$ 5.000
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.