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AÇÕES
Com a queda da taxa de juros na última semana, os investimentos na Bolsa de Valores tornaram-se mais atraentes
Reúna os amigos e monte um clube de investimento
PAULA PAVON
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a redução da Selic, a taxa de
juros básica da economia, era a
gota d"água que faltava para você
entrar no mercado acionário,
agora já não há mais por que esperar. Os juros baixaram mais
uma vez, e os investimentos em
renda variável ficaram mais
atraentes. Para quem não quer
entrar pela porta da frente no
mercado de ações, operando diretamente na Bolsa, uma opção é
montar um clube de investimento
com os amigos.
Essa modalidade de aplicação,
que anda meio esquecida e vem
perdendo espaço para o crescente
número de fundos de ações, pode
ser uma alternativa interessante
de investimento para quem não
tem capital disponível para entrar
sozinho em Bolsa.
A legislação dos clubes de investimento surgiu em 1984, justamente para atrair os pequenos e
médios investidores que buscavam uma opção a mais, fora da
tradicional caderneta de poupança.
Luis Américo Ramos, gerente
de acompanhamento da CVM,
explica que o clube surgiu, na
época, para facilitar o ingresso
dos investidores no mercado de
capitais. "O clube foi criado com o
objetivo de ser uma aplicação
mais simples do que o fundo, que
pudesse funcionar com um número menor de investidores."
Para formar um clube, basta o
investidor reunir um grupo de
amigos interessados em aplicar
em renda variável. A carteira do
clube tem de ser composta por, no
mínimo, 51% em ações (leia mais
sobre a aplicação no quadro abaixo). Como o investimento é coletivo, há a possibilidade de os
aportes serem pequenos.
"As economias de vários investidores juntos ajudam a formar
um bom patrimônio, o que facilita a negociação no mercado de
ações", explica Geraldo Azarian,
sócio da GDA Consultoria, que
presta serviços à corretora Marlin,
especializada em clubes de investimento.
Pela legislação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é
preciso ter, no mínimo, três pessoas para ser constituído um clube. Depois de formado o grupo, o
investidor deve procurar uma
corretora, que será responsável
pela administração dos recursos.
Para negociar uma taxa de administração nos níveis de mercado, em torno de 2,5%, o clube tem
de ter um patrimônio mínimo
inicial de aproximadamente R$
500 mil. Se você tiver um capital
menor, provavelmente a corretora irá cobrar uma taxa de administração maior, em torno de 4%.
Por isso pesquise antes de se associar a uma instituição.
Fundos
Uma das grandes vantagens
apontadas pelos especialistas é
que, nos clubes, os investidores
podem participar mais de perto
da gestão dos recursos. Por lei,
um membro do grupo deve ser
eleito para representar os demais
e participar com o gestor da decisão de investimentos.
"No fundo você aplica o dinheiro e não sabe qual é a composição
da carteira. A cota cai ou sobe, e o
investidor muitas vezes não é informado do motivo da oscilação",
diz Azarian, da GDA. "No clube, o
investidor pode determinar em
que papéis quer investir."
Em alguns clubes, o próprio cotista pode ser o gestor da carteira.
A GDA fornece assessoria para
principiantes no mercado acionário. Segundo Azarian, os membros do clube podem ir até a corretora Marlin e passar o dia, para
acompanhar o vaivém das ações e
aprender um pouco mais sobre
investimentos.
Aplicação personalizada
Mas os investidores que já têm
conhecimentos do mercado acionário também podem solicitar
ajuda às instituições na hora de
escolher os melhores papéis. É o
que fazem os alunos do Ibmec
(Instituto Brasileiro do Mercado
de Capitais), que montaram um
clube de investimentos em maio
do ano passado (leia texto ao lado).
José Manuel Amorim, chefe da
área de análise e investimentos da
corretora Novação, ressalta que o
fato de o investidor poder ficar
mais próximo do administrador é
uma das grandes vantagens da
aplicação.
"Quando o investidor aplica
num clube sabe que não estará
comprando um produto. Isso
porque, no clube, o administrador estará trabalhando o interesse
determinado pelo grupo", afirma.
Os clubes de investimento são
fiscalizados e regulamentados pela Bovespa (Bolsa de Valores de
São Paulo). "As Bolsas fazem a fiscalização, e os clubes são obrigadas a mandar mensalmente informações para ela", explica Ramos,
da CVM. "Já que é um investimento mais simples do que os
fundos, deixamos a fiscalização
por conta da Bolsa com o intuito
de desburocratizar a aplicação."
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