São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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AÇÕES
Com a queda da taxa de juros na última semana, os investimentos na Bolsa de Valores tornaram-se mais atraentes
Reúna os amigos e monte um clube de investimento

PAULA PAVON
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a redução da Selic, a taxa de juros básica da economia, era a gota d"água que faltava para você entrar no mercado acionário, agora já não há mais por que esperar. Os juros baixaram mais uma vez, e os investimentos em renda variável ficaram mais atraentes. Para quem não quer entrar pela porta da frente no mercado de ações, operando diretamente na Bolsa, uma opção é montar um clube de investimento com os amigos.
Essa modalidade de aplicação, que anda meio esquecida e vem perdendo espaço para o crescente número de fundos de ações, pode ser uma alternativa interessante de investimento para quem não tem capital disponível para entrar sozinho em Bolsa.
A legislação dos clubes de investimento surgiu em 1984, justamente para atrair os pequenos e médios investidores que buscavam uma opção a mais, fora da tradicional caderneta de poupança.
Luis Américo Ramos, gerente de acompanhamento da CVM, explica que o clube surgiu, na época, para facilitar o ingresso dos investidores no mercado de capitais. "O clube foi criado com o objetivo de ser uma aplicação mais simples do que o fundo, que pudesse funcionar com um número menor de investidores."
Para formar um clube, basta o investidor reunir um grupo de amigos interessados em aplicar em renda variável. A carteira do clube tem de ser composta por, no mínimo, 51% em ações (leia mais sobre a aplicação no quadro abaixo). Como o investimento é coletivo, há a possibilidade de os aportes serem pequenos.
"As economias de vários investidores juntos ajudam a formar um bom patrimônio, o que facilita a negociação no mercado de ações", explica Geraldo Azarian, sócio da GDA Consultoria, que presta serviços à corretora Marlin, especializada em clubes de investimento.
Pela legislação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é preciso ter, no mínimo, três pessoas para ser constituído um clube. Depois de formado o grupo, o investidor deve procurar uma corretora, que será responsável pela administração dos recursos.
Para negociar uma taxa de administração nos níveis de mercado, em torno de 2,5%, o clube tem de ter um patrimônio mínimo inicial de aproximadamente R$ 500 mil. Se você tiver um capital menor, provavelmente a corretora irá cobrar uma taxa de administração maior, em torno de 4%. Por isso pesquise antes de se associar a uma instituição.

Fundos
Uma das grandes vantagens apontadas pelos especialistas é que, nos clubes, os investidores podem participar mais de perto da gestão dos recursos. Por lei, um membro do grupo deve ser eleito para representar os demais e participar com o gestor da decisão de investimentos.
"No fundo você aplica o dinheiro e não sabe qual é a composição da carteira. A cota cai ou sobe, e o investidor muitas vezes não é informado do motivo da oscilação", diz Azarian, da GDA. "No clube, o investidor pode determinar em que papéis quer investir."
Em alguns clubes, o próprio cotista pode ser o gestor da carteira. A GDA fornece assessoria para principiantes no mercado acionário. Segundo Azarian, os membros do clube podem ir até a corretora Marlin e passar o dia, para acompanhar o vaivém das ações e aprender um pouco mais sobre investimentos.

Aplicação personalizada
Mas os investidores que já têm conhecimentos do mercado acionário também podem solicitar ajuda às instituições na hora de escolher os melhores papéis. É o que fazem os alunos do Ibmec (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais), que montaram um clube de investimentos em maio do ano passado (leia texto ao lado).
José Manuel Amorim, chefe da área de análise e investimentos da corretora Novação, ressalta que o fato de o investidor poder ficar mais próximo do administrador é uma das grandes vantagens da aplicação.
"Quando o investidor aplica num clube sabe que não estará comprando um produto. Isso porque, no clube, o administrador estará trabalhando o interesse determinado pelo grupo", afirma.
Os clubes de investimento são fiscalizados e regulamentados pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). "As Bolsas fazem a fiscalização, e os clubes são obrigadas a mandar mensalmente informações para ela", explica Ramos, da CVM. "Já que é um investimento mais simples do que os fundos, deixamos a fiscalização por conta da Bolsa com o intuito de desburocratizar a aplicação."


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