UOL


São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

+ trechos

Leia a seguir excertos do livro "Depois da Teoria", de Terry Eagleton.

"Existem mudanças demais por aí, e não de menos. Estilos de vida são abolidos quase da noite para o dia. Homens e mulheres precisam se esforçar freneticamente para adquirir novas capacidades ou serão jogados no lixo. A tecnologia se torna monstruosa em sua infância, e corporações monstruosamente inchadas ameaçam implodir. Tudo o que é sólido -bancos, sistemas de aposentadoria, tratados antiarmas, magnatas obesos da imprensa- se desmancha no ar. As identidades humanas são descartadas, experimentadas, colocadas em um ângulo malicioso e desfiladas com extravagância pelas passarelas da vida social. Em meio a essa perpétua agitação, um sólido motivo da maturidade para ser socialista é tomar fôlego."

"Havia uma sensação geral exacerbada de que o presente era o melhor lugar para estar [...] porque obviamente parecia anunciar um novo futuro, uma terra de infinitas possibilidades, [...] em que alunos de classe média comportados se amontoavam diligentemente nas bibliotecas, trabalhando em temas sensacionalistas, como vampirismo e extirpação de olhos, ciborgues e filmes pornô."

"O corpo é um tema terrivelmente popular dos estudos culturais nos Estados Unidos, mas é o corpo plástico, remodelável, socialmente construído, e não o pedaço de matéria que adoece e morre."

"A idade de ouro da teoria cultural terminou há muito tempo. [...] Teve início uma nova e generalizada fase de política global, que nem mesmo os acadêmicos mais enclausurados poderão ignorar."

"A emancipação que havia fracassado nas ruas e nas fábricas poderia ser posta em prática, nesse caso, em intensidades eróticas ou no significante flutuante."

Sobre os movimento antiglobalização: "Uma campanha notável [que] demonstrou, apesar de toda a confusão e das ambiguidades, [...] que pensar globalmente não é a mesma coisa que ser totalitarista."

"Escrever dessa maneira [usando o jargão pós-moderno] sendo um acadêmico literário, alguém que na verdade é pago para ter, entre outras coisas, um certo talento e sensibilidade para a língua, é como ser um oculista míope ou uma bailarina obesa."

"Objetividade não significa julgar a partir do nada. [...] Você só pode saber qual é a situação se estiver numa posição adequada."


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.


Texto Anterior: O universal concreto
Próximo Texto: O espaço, a fronteira final
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.