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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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+ para entender o pós-modernismo

A idéia de "pós-modernismo" surgiu pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu aparecimento na Inglaterra ou nos EUA. Segundo Perry Anderson (em "As Origens da Pós-Modernidade", Jorge Zahar), foi um amigo de Unamuno e Ortega, Federico de Onís, que imprimiu o termo pela primeira vez, embora descrevendo um refluxo conservador dentro do próprio modernismo. Mas foi o filósofo francês Jean-François Lyotard, com "A Condição Pós-Moderna" (1979), que expandiu o uso do conceito.
Em sua origem, significava a perda da historicidade e o fim do "grande relato" -o que no campo estético significou o fim de uma tradição de mudança e ruptura, o apagamento da fronteira entre alta cultura e cultura de massa e a prática da apropriação e da citação de obras do passado.
Em "Pós-Modernismo" (1991), Fredric Jameson enumera como ícones do pós-modernismo: em arte, Andy Warhol e a pop art, o fotorrealismo e o neo-expressionismo; na música, John Cage, "mas também a síntese dos estilos clássico e "popular" que se vê em compositores como Philip Glass e Terry Riley e, também, o punk rock e a new wave"; no cinema, Godard, "pós-Godard", o cinema experimental e o vídeo; na literatura, William Burroughs, Thomas Pynchon e Ishmael Reed, de um lado, "e o nouveau roman francês e sua sucessão", do outro.
É na arquitetura, entretanto, que seus problemas teóricos, segundo Jameson, são mais consistentemente articulados e as modificações da produção estética são mais visíveis. O que levou Robert Venturi a denominar a arquitetura pós-moderna de "pato monumental" (referindo-se a um edifício de Los Angeles construído em forma de pato): isto é, aquela que se erige como escultura, fazendo coincidir forma e simbolismo.
De fato, "Aprendendo com Las Vegas" (de 1972, publicado há pouco no Brasil pela Cosac & Naify), de Venturi e Denise Scott-Brown, é a obra que inaugura o debate crítico sobre o pós-modernismo. Considerado por alguns um manifesto, ela defende uma estética mais vital e uma arquitetura menos coercitiva, que leve em conta os gostos e valores das pessoas. São os principais expoentes dessa arquitetura: Charles Moore, Michael Graves e Frank O. Gehry.
Jameson aponta a imbricação entre as teorias do pós-modernismo e as "generalizações sociológicas" que anunciam um tipo novo de sociedade, mais conhecido pela alcunha "sociedade pós-industrial". Ele argumenta que "qualquer ponto de vista a respeito do pós-modernismo na cultura é ao mesmo tempo, necessariamente, uma posição política, implícita ou explícita, com respeito à natureza do capitalismo multinacional em nossos dias".
Outros dos principais teóricos de estética envolvidos no debate sobre o pós-modernismo são: Achille Bonito Oliva, Hal Foster, Lyotard, Arthur Danto, Rosalind Krauss, James Gardner, Gérard Genette, Rainer Rochlitz, Marc Jimenez e Andreas Huyssen.


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