São Paulo, domingo, 6 de dezembro de 1998

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CURIOSIDADES GASTRONÔMICAS

Leia, a seguir, alguns fatos curiosos, receitas e costumes culinários retirados do livro "História da Alimentação", da editora Estação Liberdade, que chega às livrarias nesta semana:

Receita de bolo egípcia
Não se conhece nenhum livro de cozinha do antigo Egito. Mas uma cena na tumba de um vizir do faraó Tutmósis 2º dá uma receita de bolo, destinado à mesa divina, preparado com farinha de tubérculos de junca:
"Pilar uma porção de tubérculos de junca em um pilão, peneirar a farinha cuidadosamente e acrescentar uma taça de mel e amassar. Colocar a massa em uma caçarola de metal e levá-la ao fogo juntando um pouco de gordura. Cozer em fogo brando, até que a massa fique consistente. Dourar com cuidado para não queimar. Deixar esfriar e fazer pães cônicos".

Comer compromete
No momento que Gregório de Tours estava envolvido em negociações para solucionar divergências com o rei merovíngio Chilperico, acabou sendo convidado para comer. Gregório agradeceu, pois uma refeição poderia ser interpretada como uma conciliação. Durante a Idade Média a refeição e o banquete constituíam o símbolo maior para demonstrar o compromisso de manter relações pacíficas.

A importância do pão
O pão foi um dos principais alimentos nas Idades Média e Moderna. Era feito de trigo durázio, cevada, centeio, espelta ou de uma mistura de cereais e legumes. A cor do pão era um símbolo social: branco para os ricos e preto para os pobres. Sua importância para os europeus era correspondente a do arroz para os povos asiáticos. Segundo um livro de 1572, "o pão está em primeiro lugar entre as coisas que devem alimentar o homem".

Classes sociais e etiqueta
Segundo um documento de época, em Florença, no ano de 1592, em uma recepção oferecida a dois príncipes bávaros, serviu-se o banquete segundo a importância social dos convivas: na primeira mesa, os príncipes comeram um prato com cinco diferentes aves -alimento considerado mais refinado. Na segunda mesa, reservada aos nobres, cada um comeu no máximo quatro aves. Em outra mesa, numa sala ao lado, comeram os outros acompanhantes uma só ave. O documento relata que os cavalos e mulas também foram alimentados. Por último, depois dos animais, figuram no texto os servidores domésticos -140- que acompanhavam a comitiva, que foram alojados numa hospedaria. A hierarquia social era expressa pelo lugar em que as pessoas comiam e pela variedade dos alimentos.

O horário das refeições
Durante a Idade Média era comum os camponeses fazerem quatro ou cinco refeições diárias. As principais refeições eram realizadas às 9h, o almoço, e às 13h, o jantar, e ceava-se no final da tarde. Com o crescimento das cidades, já no final do século 17, os horários acabaram sendo retardados.

Os tratados de cozinha
O primeiro livro de cozinha impresso na França foi "Le Viandier", em 1486, com 230 receitas. Em pouco mais de cem anos, teve 23 edições. Nele estão reproduzidas receitas de sopas, molhos, geléias, carnes, peixes e patês. Há, inclusive, três receitas para pessoa doente. O livro termina com a sugestão de cinco cardápios. No século seguinte, na Itália, surgem refinados tratados culinários, favorecidos pela invenção da imprensa, pela urbanização e pelos novos produtos chegados à Europa devido às conquistas coloniais.

O segredo da conservação
Foi o francês Nicolas Appert que desenvolveu a idéia de conservar alimentos em latas. A carne era cozida e colocada em pedaços em latas de folha-de-flandres, que eram fechadas hermeticamente com tampas soldadas. Depois eram colocadas em caldeirões cheios de águas até atingir a ebulição. Eram retiradas e deixadas em observação: caso não dilatassem, eram comercializadas. Tropas de Napoleão Bonaparte chegaram a utilizar a invenção de Appert, assim como marinheiros de navios mercantes.

Da manteiga à margarina
Visando à descoberta de uma substância gordurosa, econômica e sadia, para consumo das classes trabalhadoras e das forças armadas, em 1866, o imperador francês Napoleão 3º criou um concurso nacional. O ganhador foi o químico Mége-Mouries com o óleo-margarina, um composto de banha de boi fundida e resfriada, misturada com água e caseína de leite. O consumo de margarina cresceu após a venda da fórmula a dois comerciantes holandeses favorecida pelo baixo preço, muito inferior ao da manteiga.



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