|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Biblioteca básica
A Montanha Mágica
ISABEL LUSTOSA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em Thomas Mann, fascinam-me os heróis falhados, diletantes, incapacitados para a vida prática.
O mais bem acabado deles é Hans Castorp, protagonista de "A Montanha Mágica", cuja internação
em um sanatório o põe em contato com um novo código
moral. Ali, a banalização da morte e o repouso absoluto
revelam-se grandes libertadores dos instintos.
Castorp descobre que, apesar das vantagens da honra,
as da desonra eram quase ilimitadas. Dois amigos que faz
na montanha, Setembrini e Naphta, disputam seu espírito. Setembrini defende a razão e o Iluminismo contra a
valorização da morte. Naphta acha, no entanto, que todas as fórmulas iluministas fracassaram e faz o elogio da
religião contra a ciência e da tirania contra a liberdade.
No entanto, por meio do amor que desenvolve pela
russa Cláudia Chuchat -a disputa entre o apolíneo e o
dionisíaco, entre o que fascina e assusta, o que seduz e
causa repulsa é elemento recorrente na obra do escritor
alemão, filho de mãe brasileira-, Castorp descobre que
o respeito à morte e ao passado não pode orientar o futuro sem se confundir com impiedade. Iluminação que terá
em meio à barbárie da Primeira Guerra Mundial, em que
se chocaram as opções de Setembrini e Naphta.
Isabel Lustosa é pesquisadora da Casa de Rui Barbosa (RJ) e autora de
"Insultos Impressos" (Companhia das Letras).
A obra
"A Montanha Mágica", de Thomas Mann. Trad. Herbert Caro. 992
págs. R$ 81. Ed. Nova Fronteira (tel. 0/ xx/21/2131-1111).
Texto Anterior: Ponto de fuga - Jorge Coli: A metrópole dos alquimistas Próximo Texto: + cultura: O mundo enfeitiçado Índice
|