São Paulo, domingo, 08 de janeiro de 2006

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Biblioteca básica

A Montanha Mágica

ISABEL LUSTOSA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em Thomas Mann, fascinam-me os heróis falhados, diletantes, incapacitados para a vida prática. O mais bem acabado deles é Hans Castorp, protagonista de "A Montanha Mágica", cuja internação em um sanatório o põe em contato com um novo código moral. Ali, a banalização da morte e o repouso absoluto revelam-se grandes libertadores dos instintos.
Castorp descobre que, apesar das vantagens da honra, as da desonra eram quase ilimitadas. Dois amigos que faz na montanha, Setembrini e Naphta, disputam seu espírito. Setembrini defende a razão e o Iluminismo contra a valorização da morte. Naphta acha, no entanto, que todas as fórmulas iluministas fracassaram e faz o elogio da religião contra a ciência e da tirania contra a liberdade.
No entanto, por meio do amor que desenvolve pela russa Cláudia Chuchat -a disputa entre o apolíneo e o dionisíaco, entre o que fascina e assusta, o que seduz e causa repulsa é elemento recorrente na obra do escritor alemão, filho de mãe brasileira-, Castorp descobre que o respeito à morte e ao passado não pode orientar o futuro sem se confundir com impiedade. Iluminação que terá em meio à barbárie da Primeira Guerra Mundial, em que se chocaram as opções de Setembrini e Naphta.


Isabel Lustosa é pesquisadora da Casa de Rui Barbosa (RJ) e autora de "Insultos Impressos" (Companhia das Letras).

A obra
"A Montanha Mágica", de Thomas Mann. Trad. Herbert Caro. 992 págs. R$ 81. Ed. Nova Fronteira (tel. 0/ xx/21/2131-1111).


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