São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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CARTA INÉDITA

Leia a seguir o trecho de uma carta de Bertolt Brecht recém-publicada na Alemanha:

"Para o Ministério da Segurança Pública, em Berlim Oriental (10.9.52)
Prezados camaradas,
Tenho uma casa em Buckow, para onde me retiro para a minha atividade literária, e por isso vou frequentemente a Berlim. Passo pela fronteira de Hoppegarten. Já há algum tempo vem me inquietando o tom grosseiro da polícia que ali impera. Anteontem, dia 8/9/52, às 13h25, na ida para Berlim, uma funcionária do departamento de Controle de Mercadorias controlou a minha máquina de escrever, para a qual tenho uma autorização especial e, não encontrando logo seu número, pediu o conselho de um colega. Como protestei contra o fato de ela ter tirado o carro da máquina, um policial, com carteira de nš 4.123, intrometeu-se, apesar de eu ter mostrado meus documentos, entre eles o do Prêmio Nacional de Primeira Classe, com que fui laureado, e repreendeu-me, titulando-me constantemente de "jovem' (...).
Entenda-me corretamente: estou convencido da necessidade do controle; do que reclamo é do tom rude e autoritário que ouvi do mesmo jovem policial. (...)
Peço-lhe que ordene aos policiais jovens que façam sua tarefa com firmeza e, ao mesmo tempo, num tom humano. (...)
Saudações socialistas."

Fonte: "Bertolt Brecht - Obras Completas", vol. 30, Suhrkamp Verlag, Berlim-Frankfurt.
Tradução de Silvia Bittencourt.



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