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DETECTOR DE LIXO
17 de abril de 2009
Prezado Steven,
Que tal olharmos
mais de perto o
seu negócio, o
Outside.in, e ver se
funciona como
substituto do jornalismo profissional.
Vejo que, quando você lançou o Outside.in, em outubro
de 2006, empregou o mesmo
exemplo do projeto Atlantic
Yards. Dois anos e meio já se
passaram, e tenho certeza de
que você já deve ter outro. Mas
qualquer pessoa que navegue
por seu site verá que ele não faz
reportagem investigativa.
Pelo que pude apreender, ele
não faz nenhum trabalho de reportagem próprio. Ele agrega o
que aparece em outros lugares.
Não parece haver nenhum
critério de relevância ou importância. E, se o que aparece
em outros lugares é lixo, o site
ajuda a difundir esse lixo, pois,
por sua própria natureza, um
site de notícias automatizado
não possui o que tem todo bom
editor: um detector de lixo.
Você se refere a um blog chamado Atlantic Yards Report
como uma das fontes chaves
das notícias sobre o Brooklyn
publicadas no Outside.in.
Chequei essa informação
com o editor do Report, Norman Oder. Eis o que ele disse
em resposta à pergunta de se o
Outside.in faz qualquer trabalho de reportagem ou exerce
qualquer seleção editorial:
"O Outside.in não "cobre" o
Atlantic Yards e, a meu ver, não
exerce virtualmente nenhum
impacto sobre a discussão local. Ele apenas agrega uma
multidão de cobertura noticiosa e de blogs, pegando carona
especialmente no meu blog e
no portal NoLandGrab.org."
É claro que você não paga
Oder ou qualquer outra pessoa
pelo uso de seu trabalho. Isso
pode ser um bom modelo econômico. Mas, se é um modelo
para resolver os problemas do
jornalismo, já é outra história.
Você diz que eu "quero agir
para preservar um modelo de
jornalismo impresso".
Mas, como deixei claro num
artigo recente, "Adeus à Era
dos Jornais" [publicado em 4/3
na "New Republic"], precisamos buscar novas formas de
jornalismo adaptadas às exigências de um ambiente digital, aproveitando plenamente
as vantagens deste.
O problema é que o tipo de
inovação que você está promovendo não responde com eficácia ao problema triplo que
mencionei: financiar o jornalismo de serviço público, engajar o público e gerar responsabilidade política.
Desinformação
Sites como o seu, que tiram
notícias, comentários -e lucros- da web, dependem inteiramente de que outros paguem
pelo trabalho original de reportagem. Alguns blogueiros podem dar furos ocasionais, mas
fazer de conta que possuem a
capacidade de um grande jornal metropolitano é enganoso.
Um site que tira notícias de
outros lugares pode ampliar o
público do material que coleta,
mas, se engaja o público, isso
acontece porque outros estão
fazendo o trabalho.
Engajar o público requer que
se identifiquem os acontecimentos e apontem seu sentido,
e não apenas que se reproduzam informações (e desinformações) isoladas.
Enfim, criar responsabilidade política efetiva requer um
poder compensatório da imprensa que um site que tira notícias de outras fontes não terá.
Para resolver esse problema
serão necessários novos investimentos em jornalismo por
parte de organizações sem fins
lucrativos, novos modelos econômicos que financiem o jornalismo e novas políticas públicas que permitam a organizações noticiosas captar uma parte maior da receita do bem público que produzem.
E, já que estamos falando em
receita, que tal pagar a Norman
Oder e outros pelo trabalho que
você vem divulgando como se
fosse a contribuição de seu próprio site ao debate público?
Paul
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