São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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"Quase nem tenho lembranças pessoais de meu tio-avô Adelwarth. E só o vi uma única vez, até onde ainda posso dizer isso com segurança, no verão de 1951, quando todos os americanos, o tio Kasimir com Lina e Flossie, a tia Fini com Theo e os gêmeos e a solteira tia Theres, vieram nos visitar semanas a fio em W., alguns chegando juntos, outros um depois do outro. Uma vez nesse tempo também vieram alguns dias para W. os cunhados de Kempten e Lechbruck -é sabido que os emigrantes no exterior são muito ligados à sua gente, e assim aconteceu que nesse encontro de família, reunindo 70 pessoas, vi pela primeira vez, e penso que pela única vez, meu tio-avô Adelwarth. [...] Embora nada mais recorde do discurso do tio Adelwarth na mesa do café, lembro que fiquei muito impressionado pelo fato de ele aparentemente falar sem esforço, usando palavras e expressões cujo significado quando muito podia adivinhar. Apesar dessa aparição memorável, o tio Adelwarth desapareceu para sempre de minha visão quando no dia seguinte viajou de carro para Immenstadt e dali de trem para a Suíça. Não ficou comigo nem mesmo em pensamento. Durante toda a minha infância nada ouvi sobre sua morte dois anos depois, muito menos das circunstâncias a ela ligadas."

Trecho extraído de "Os Emigrantes".


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