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POEMA
"Horizon boy" (Menino do Horizonte)
Menino perdido, em
longínquos horizontes - em distante reino,
onde coruscam riquezas, como
rutilantes metais-
Onde vai?
- com esse pendor da sua tristeza- com esses teus ornatos e
jóias- tão jovem ainda- diademas que te pesam e oprimem, sufocando, tantas vezes- - de um
reino herdado há séculos- que
ostenta pompas e tesouros?!
Tudo cairá em pó.
Vê se me entende- e tudo é
vão; entre o pobre dos pobres-
peregrino desse mundo, que
sou-que esgotou vãs esperanças
de ser ouvido ao menos, você,
que me ouça- neste tanger que
te murmura
Ventos longínquos me descortinam ondas mansas me revelam-
Olha-
atende o que lamento-
esse alforge, de escolhas, ignorado -no ermo- em clausura de
ti mesmo...
Menino, desses horizontes- que
dos palácios ancestrais contemplas, em palanques, céus "incendiários" de vastos entardeceres- como dardeja ouro ou o
ódio de tua gente, embuscando
muitas vezes entre os zimborios e
minaretes: a intriga, o fausto, e o
orgulho-mescla as lascívias ao
ser!
Saiba!
-dentro dessa casca- como a
noz prensada em seu casulo-
enquanto esse mundo durar- e
não é ele vosso, pelo insidio da
conquista?-Ninguém irá proclamar, tão pura verdade -a não
ser o que sacares de ti mesmo na
hora sábia da conclusão amarga.
Ouve -
como na prece, em recolhimento que recita ao cair da
penumbra
a voz que apregoa o "alcorão"...
Nada -nem ouro, poder, nem
beleza, que puderes dominar-
equivale o momento -da súplica
que o proclama.
Corre, aos confins da terra -e
verás! Tudo -tudo vale, então,
trocar, pelo tesouro que se esconder; sopro e alento -cavalgantes
num mar- desse alerta que se
apruma tão cansado...
Escuta! Atenta! Vê se o ativas embaixo de tantas camadas que o
suprimem-
Quando souberes
que o amor é o que conta -ele
só- também um errante; o que
agasalha criaturas, por se amarem, tão somente; você, menino
sombrio (plangido nestes meus
acordes)-que não vê -que não
escutas- quando souberes, já
tarde -curvada, tua fronte, em
mais idade - que o, máximo da
ventura, é justamente, amar, neste mundo- e ser amado, em retorno!
(solos de flauta, guitarra, e um
recuado saxofone de fundo, que
amplia as suas incursões de lamento. A nota fina, sustida (a do
"sax") será como se um calhau
arremessado a um abismo: diminue gradativa, sem ser ouvido o
seu baque final, pois que foge à
visibilidade de escuta, do fundo
onde desaparece, diminuindo na
sua velocidade alongada como se
na vertigem dormente, de seu
inapelável destino.)
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