São Paulo, domingo, 17 de julho de 2005

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MULHERES DE TRÓIA

As mulheres que integram a mitologia da Guerra de Tróia têm seus nomes associados à beleza, à fidelidade, ao amor, ao sacrifício e à traição.
Helena era a mulher mais bonita e charmosa do mundo. Dizia-se que a deusa Afrodite lhe deu o dom de seduzir todos os homens que desejasse. Quando Tíndaro, seu "pai" mortal (pois também era considerada filha de Zeus), decidiu que ela deveria se casar, todos os reis e príncipes gregos se apresentaram à corte para pedir a sua mão.
Um dos interessados era Ulisses. Foi ele que deu a Tíndaro um conselho valioso. Evitando despertar a ira dos rejeitados, Tíndaro faria todos os chefes gregos prestarem um juramento de que respeitariam a sua decisão. Foi isso que uniu todos na Guerra de Tróia.
O escolhido para se casar com Helena foi Menelau, que era o irmão de Agamêmnon. Este, por sua vez, era casado com Clitemnestra, a irmã de Helena.
Helena está na origem da Guerra de Tróia. Segundo algumas versões, Páris, filho do rei de Tróia, havia recebido de Afrodite (deusa do amor) o dom de seduzir a mulher mais bonita do mundo. Páris já tinha ouvido falar da beleza de Helena. Em uma visita à corte de Esparta, aconteceu o "inevitável": a paixão mútua entre Páris e Helena. Esta versão da partida de Helena para Tróia compete na mitologia com outra, segundo a qual Páris "raptou" Helena. Se ela foi levada à força ou fugiu por sua própria vontade é uma das questões centrais que ajudaram a criar sua figura mitológica.
Com a fuga de Helena e Páris para Tróia, Menelau fica louco de raiva e ciúme, convocando seu irmão Agamêmnon e todos os chefes que haviam prestado o juramento para resgatá-la.

Penélope
Se Helena seduzia pela beleza, Penélope, que era sua prima e uma mulher encantadora, é associada a qualidades como paciência e fidelidade. Tíndaro deu a Ulisses a mão de Penélope como recompensa pelo conselho que uniu os gregos. Outra versão diz que Ulisses casou-se com Penélope depois de ter vencido uma corrida de cavalos, cujo prêmio era a sua mão.
Penélope ganhou a fama de fidelidade porque esperou 20 anos pela volta de Ulisses (da guerra e de sua "homérica" viagem de volta), resistindo aos 108 pretendentes à sua mão, que não saíam do palácio. Para enganar os pretendentes, ela inventou um ardil: disse que daria uma resposta quando terminasse de tecer uma colcha. Desfazendo à noite o que fazia de dia, adiou indefinidamente a decisão.
Já Ifigênia, filha de Agamêmnon e de Clitemnestra, foi oferecida em sacrifício para obter a proteção dos deuses, que, com ventos contrários, retinham a armada helênica no porto de Áulis. O rei relutou a princípio, mas os chefes gregos, liderados por Ulisses e Menelau, convenceram-no a consumar o sacrifício. Agamêmnon então mandou buscá-la com o pretexto de que a casaria com Aquiles. Na hora do sacrifício a deusa substituiu Ifigênia por uma novilha e a transformou em sacerdotisa, em Táuris. Lá ela permaneceu por anos, sacrificando à deusa os estrangeiros chegados à região por causa de naufrágios.
A irmã de Helena, Clitemnestra, por outro lado, era movida por paixões violentas e contraditórias. Após Ifigênia ser entregue ao sacrifício em Áulis, ela passou a odiar seu marido Agamêmnon, de quem queria se vingar. Durante a ausência do marido, tornou-se amante de Egisto, com quem passou a tramar a morte do rei quando este voltasse de Tróia. Na versão trágica, Clitemnestra matou Agamêmnon e também Cassandra, por ciúme, já que esta tornou-se concubina de Agamêmnon com o fim da guerra. Sete anos após matar o marido, Clitemnestra foi morta pelo filho Orestes. Sua imagem é a de uma mulher dividida entre o amor e o ódio, entre a dor e o prazer.


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