Na feira de livros, Manuel mostra a Joaquim o livro que comprou: "É um livro de lógica", diz com orgulho.
"Mas para que serve a lógica, Manuel?"
"Ora, Joaquim, serve para descobrires as coisas que não sabes."
"Como assim?"
"Dou-te um exemplo: o que tens nesse saquinho?"
"É ração para peixinhos..."
"Isso me basta. Verás como funciona a lógica: se compras ração para peixinhos, pela lógica, deves ter um aquário em casa. Verdade?"
"Sim, mas como soubeste?"
"Pela lógica, meu caro, e, pela lógica, agora sei muito mais: esse aquário tem peixinhos vivos; como já és grande, os peixinhos divertem alguma criança em tua casa; se compras a ração para alegrar essa criança, tu a amas; se tu amas uma criança que está em tua casa, trata-se de um filho teu..."
"Sim, mas como soubeste?"
"Pela lógica. E sei mais: se tens um filho, significa que és um pai, um macho, que não és um pederasta..."
"Como soubeste, Manuel? Essa tal de lógica é formidável! Vou comprar um livro desses."
Joaquim comprou seu livro de lógica e procurou, afoito, algum amigo. Achou o Alcebíades.
"Comprei um livro de lógica, Alcebíades."
"Para que serve a lógica?"
"Para descobrires tudo o que não sabes."
"Como assim?"
"Dou-te um exemplo, oh, Alcebíades: o que tens nesse pacotinho que carregas?"
"Farinha de rosca, Joaquim."
"Mas tu tens um aquário em casa?"
"Não."
"Então... tu és pederasta."