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Brasilianistas estudam da ditadura à sexualidade
FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON
O que andam fazendo os
brasilianistas? A Folha fez
essa pergunta a alguns dos
que mais têm produzido
nos últimos anos e descobriu que
boa parte se enveredou pela ditadura militar. Também há uma brasilianista concorrendo à presidência da
Associação Histórica Americana.
O cientista político e presidente da
Brasa (Brazilian Studies Association), Timothy J. Power, finaliza um
artigo sobre os primeiros anos de
governo Lula, em co-autoria com
Wendy Hunter. "O Governo Lula no
Meio do Mandato - Moldando a Terceira Década de Democracia no Brasil" deve ser publicado, em julho, no
"Journal of Democracy".
Ainda dentro da ciência política,
Anthony Pereira, da Universidade
Tulane, publica até outubro o livro
"Political (in)Justice - Authoritarianism and the Rule of Law in Brazil,
Argentina and Chile" ([In]Justiça
Política - Autoritarismo e o Estado
de Direito no Brasil, na Argentina e
no Chile).
O livro analisa os julgamentos políticos nos tribunais militares brasileiros entre 1964 e 1979 em comparação com processos semelhantes da
ditadura chilena e a extrema violência extrajudicial contra dissidentes
na Argentina. A partir de julho, Pereira, neto de açoriano, será professor visitante da Universidade Federal de Pernambuco durante um ano.
A ditadura militar também tem recebido atenção do historiador Jeffrey Lesser, diretor do Programa de
Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da Universidade Emory.
Continuando seu foco nas relações
entre nação e etnicidade, finaliza o livro com o título provisório de "The
Pacific Rim in the Atlantic World"
(A Margem do Pacífico no Mundo
Atlântico), sobre nipo-brasileiros
envolvidos em organizações de esquerda e na indústria cinematográfica durante aquele período.
"Estou particularmente interessado em investigar os limites da flexibilidade étnica como uma imposição interna e externa dentro de um
grupo fortemente ligado a uma potência internacional, o Japão", afirma Lesser.
Outro estudo da ditadura militar,
mas não apenas, é o do historiador
Kenneth Serbin, que segue com o tema da Igreja Católica. Fruto de 20
anos de pesquisa e reflexão, "Needs
of the Heart - A Social and Cultural
History of Brazil's Clergy and Seminaries" (Necessidades do Coração
-Uma História Social e Cultural do
Clero e dos Seminários Brasileiros)
será publicado em breve pela University of Notre Dame Press. "Trata-se de uma explicação da transformação do clero nos últimos 50 anos na
ótica dos 500 anos de história da
Igreja Católica no Brasil, com enfoque especial nos seminários", diz.
O substituto de Thomas Skidmore
na Universidade Brown, James
Green, publica em breve no Brasil
dois livros co-organizados por ele:
"Homossexualismo em São Paulo e
Outros Escritos", junto com Ronaldo Trindade, e "Frescos Trópicos
-Fontes sobre Homossexualidade
Masculina no Brasil, 1870-1980", em
parceira com Ronaldo Polito.
Enquanto isso, finaliza "We Cannot Remain Silent - Opposition to
the Brazilian Military Dictatorship
in the United States, 1965-85", cujo
título em português será "Apesar de
Você".
Já o historiador Jerry Dávila, da
Universidade da Carolina do Norte
em Charlotte, segue para os trópicos
em meados do ano para retomar sua
pesquisa sobre as relações entre Brasil e África durante o processo da
descolonização do continente. "A
independência africana mudou tanto o papel do Brasil no mundo quanto o sentido do pensamento racial
brasileiro", afirma.
E quem concorre à presidência da
mais importante associação de historiadores dos Estados Unidos é
Barbara Weinstein, da Universidade
de Maryland. Se ganhar, será o primeiro brasilianista no comando da
AHA desde a sua fundação, há 125
anos. Enquanto faz campanha, finaliza o livro "Region vs. Nation - São
Paulo and the Racializing of Regional Identity in Brazil" (Região vs.
Nação - São Paulo e a Racialização
da Identidade Regional no Brasil).
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