São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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COM TODAS AS LETRAS
Para Arnaldo Niskier, a influência da língua no mundo precisa aumentar
A expansão do português

da Reportagem Local

É preciso dar mais atenção à língua portuguesa. Esse foi o principal ponto discutido por Arnaldo Niskier, presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras), na palestra "Para Onde Vai a Língua Portuguesa?", no auditório da Folha, em setembro.
O evento aconteceu como parte do ciclo "Com Todas as Letras", que ocorre mensalmente e traz escritores membros da ABL para conversar com o público.
"Desde que assumi a Academia Brasileira de Letras, há dois anos, tenho lutado bravamente para que possamos alargar o interesse pela língua portuguesa. Nós temos sete países da Comunidade da Língua Portuguesa (CLP): Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Ilha de Sal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. Mas eu nunca me conformei que nós ficássemos apenas com esses sete países."
Como, juntos, esses países somam cerca de 200 milhões de habitantes, para ele é preciso expandir a influência da língua.

Fingidores
Niskier destacou ainda os conflitos do Timor Leste, que também fala português. "De 800 mil pessoas, 200 mil foram assassinadas pelos indonésios da forma mais absurda. Como nós podemos fingir que não é conosco? Pessoas que falam a nossa língua estão abandonadas", disse.
Ele acrescentou que os povos latinos têm de se unir contra a liderança da língua inglesa. Essa discussão, de acordo com Niskier, já chegou à França, que tem defendido a mesma união, o que definem como "latinidade".
Niskier criticou ainda a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da educação, de 1996, que tem seis artigos sobre a educação dos indígenas e apenas um dedicado à língua portuguesa.
"A iniciativa é muito boa. Mas nós somos cerca de 160 milhões de habitantes. O que não explica apenas um artigo dedicado a nossa língua."


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