São Paulo, domingo, 23 de abril de 2000


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Cuba é considerada país anti-modelo para o Brasil, mas lidera em itens como igualdade social e qualidade da educação
EUA são eleitos modelo para Brasil

da Redação

Os EUA são o país em que o Brasil deveria se espelhar no futuro para 35% das pessoas entrevistadas pelo "Relatório Folha da Utopia Brasileira". Na segunda posição está o Japão (17%). Em terceiro, em seguida às duas maiores potências econômicas mundiais, aparece surpreendentemente Portugal (5%), como país que deveria ser modelo ao Brasil. Por grau de escolaridade, os EUA também lideram em todas as faixas, com 32% entre aqueles que possuem apenas o primeiro grau e 42% entre os que cursaram até o segundo grau. Porém, entre os entrevistados de nível superior, o percentual dos que elegeram o EUA como país modelo cai significativamente: 23%. Países que, na média geral, tiveram percentual bastante baixo aparecem com índices mais expressivos entre os que possuem nível superior. É o caso de Canadá (18%) e Inglaterra (10%). Essa tendência também se repete se levarmos em conta a renda familiar. Entre aqueles que ganham mais de 20 salários mínimos, o Canadá é o preferido de 13%, e a Inglaterra, de 7%. Os EUA também são considerados modelo para o Brasil em todas as faixas etárias, embora a aprovação diminua à medida que a idade aumenta. Na faixa etária mais alta -entre os que têm acima de 67 anos-, o índice dos EUA é igual ao daqueles que declararam não saber qual país deveria servir de modelo futuro para o Brasil (25%). O fato de os EUA ser um país do Primeiro Mundo é a principal razão apontada por aqueles que os elegeram país modelo para o futuro do Brasil (25%). A oferta de empregos, com 16%, é o segundo motivo indicado entre os que elegeram os EUA, e, em terceiro, aparece o fato de a Justiça funcionar (13%). O levantamento sugere que a imagem do Japão está estreitamente ligada à de potência tecnológica, pois é o único país eleito modelo para o Brasil a ter votação expressiva no item "desenvolvimento tecnológico" (32%). A título de comparação, EUA, Canadá, Inglaterra, França e Alemanha obtiveram, nesse item, apenas 9%, 2%, 3%, 4% e 5%, respectivamente. Em segundo lugar, aponta-se que o japonês é um povo trabalhador (17%), item pouco levado em conta pelos que elegeram os EUA como modelo (1%). Considerando a qualidade do ensino, sobressai o Canadá, apontado pelos que o elegeram como modelo como sua principal virtude (30%). Nesse item, os EUA ostentam modestos 12%. Portugal destaca-se pela sua importância histórica: 13% dos que elegeram o como modelo ressaltam o fato de ter sido o país que descobriu o Brasil. Cuba se destaca sobretudo pelos indicadores sociais, mostra o levantamento feito pelo Datafolha. Os que a elegeram como modelo para o futuro do Brasil destacam os investimentos em saúde (30%), a igualdade social (24%) e a qualidade da educação (23%). Em relação aos demais países também indicados como modelo para o Brasil, Cuba está em primeiro lugar nos dois primeiros itens e em segundo no terceiro item.

O anti-modelo
Entre os países que não deveriam ser modelos para o futuro do Brasil o mais votado foi Cuba, com 19%, seguido de perto pela Rússia (17%). Em terceiro está a Índia (11%). China, EUA e Argentina empatam em quarto lugar. (6%). Mas o percentual dos que declaram não saber é igual ao dos que votaram em Cuba.
Os que têm curso superior e ganham acima de 10 salários mínimos são os que mais rejeitam Cuba (27% e 25%, respectivamente) e também, curiosamente, os EUA (11% e 10%, respectivamente).
O principal motivo apontado pelos entrevistados para eleger um anti-modelo para o Brasil se deve ao fato de haver guerra civil (22%). Em seguida, vem a pobreza (14%), sistema não-democrático e regime comunista (ambos 10%).
O país mais associado à guerra civil é a Rússia (56%). Na sequência aparecem, de modo inesperado, Alemanha (24%) e Inglaterra (24%), duas das mais estáveis democracias do Ocidente. Nesse item Cuba está apenas em quarto (16%), mas lidera como "sistema não-democrático" (29%) e "regime comunista" (24%).
(MARCOS FLAMÍNIO PERES)



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