São Paulo, domingo, 23 de abril de 2000


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Leia trecho de uma das raras descrições do Brasil seiscentista, feita pelo espanhol Francisco Coreal, que chegou ao país em 1685
São Paulo nos tempos da colônia

Jean Marcel Carvalho França
especial para a Folha

O leitor encontrará nesta página e na do lado uma das poucas descrições do Brasil seiscentista escritas por estrangeiros. Seu autor é o aventureiro espanhol Francisco Coreal (Correal). De 1688, ela dá-nos conta das modestas e rústicas vilas paulistas de Santos e São Paulo de Piratininga.
O pouco que conseguimos apurar sobre Coreal foi revelado por ele próprio ao longo de sua narrativa de viagens. Informa-nos o aventureiro que nasceu em Cartagena, no ano de 1648, e que desde muito cedo se viu arrebatado pelo desejo de viajar. Assim, aos 18 anos, deixou a sua terra natal e veio para o continente americano, onde, excetuando um pequeno interregno, permaneceu por 31 anos (1666-1697).
Entre 1666 e 1683, Coreal percorreu a Flórida, o México, as Antilhas, a América Central e a Nova Granada. Em 1684, o aventureiro voltou à Espanha, recebeu uma pequena herança paterna e dirigiu-se para Lisboa. Nessa cidade, embarcou na frota do Brasil, alcançando a Baía de Todos os Santos em 31 de outubro de 1685.
Sobre a capital da América Portuguesa e seus habitantes, Coreal tece longas e desabonadoras considerações. Três meses permaneceu o espanhol na cidade, partindo, em seguida, para Santos e depois para São Paulo de Piratininga. Em 1690, último ano da sua estadia no Brasil, Coreal encontrava-se no Rio de Janeiro, desejoso de retornar à sua terra natal. Com esse propósito, embarcou num navio espanhol a caminho de Buenos Aires. Daí seguiu por terra para o Peru e, depois de mais algumas andanças pela América Espanhola (províncias do Panamá e de Havana), retornou a Cádis, pondo fim às suas aventuras no Novo Mundo.

Edição utilizada "Voyages de Jean François Coreal aux Indes Occidentales", de Jean François Coreal. Paris: André Cailleau, 1722, vol. 1, págs. 216-223.


Jean Marcel Carvalho França é doutor em literatura comparada e autor de, entre outros, "Visões do Rio de Janeiro Colonial" (José Olympio).


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