São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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CONEXÃO AMERICANA
Para ex-embaixador dos EUA, ligar OPS ao SNI é "fantasioso"
Ex-embaixador nega envolvimento

especial para a Folha

O ex-embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, um dos personagens centrais do período do movimento militar de 1964, afirmou, em conversa via telefone e por e-mail, de seu escritório em Washington (EUA), "que não estava envolvido diretamente com o golpe".
Segundo ele, o presidente Lyndon Johnson só foi informado sobre o movimento militar um dia antes de ele eclodir. "Este episódio é uma demonstração de que nós não estávamos diretamente envolvidos com o planejamento do golpe. Se estivéssemos, saberíamos bem antes da noite de 30 de março, quando a mensagem foi enviada."
O mesmo pode ser dito em relação à Operação Brother Sam, na opinião de Gordon. "Se fosse nossa intenção participar diretamente do golpe, como tem sido alegado, e se estivéssemos bem informados sobre o andamento do golpe, não deixaríamos a nossa força-tarefa a dez dias de navegação do sudeste do Brasil."
Sobre o programa de treinamento da polícia brasileira patrocinado pelos EUA, por meio da OPS, Gordon afirmou que ele "foi desenvolvido para melhorar a qualidade da polícia municipal, instruindo em controle de multidão, identificação de criminosos e arquivo, para reduzir a corrupção e melhorar a relação da polícia com a comunidade".
"A AID (que controlava a OPS) e a CIA eram e são entidades completamente diferentes. A noção de que o SNI e o DOI/Codi foram sugeridos pela CIA (como afirma a pesquisadora Martha Huggins) me cheira a fantasia", disse.



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