São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Réquiem para Maradona

Adalberto Roque - 22.jan.2000/France Presse
Maradona em Havana, onde realiza tratamento para se recuperar de problemas causados pelo uso de drogas


Por ocasião da publicação no Reino Unido da autobiografia "El Diego", um dos principais escritores ingleses vivos traça a ascensão e queda do craque argentino e o aponta como representante de um suposto caráter sul-americano

Existe uma foto verdadeiramente assustadora de Diego Armando Maradona que data de 2000, o ano de seu primeiro ataque cardíaco. Ele está usando um boné de beisebol de trás para a frente, deixando à tona um pouco de cabelo tingido da cor punk de cocô de bebê; óculos de sol; uma camiseta regata de baterista, deixando plenamente à mostra a tatuagem de Che Guevara que ostenta em seu ombro direito e um sorriso de escárnio e desafio, com a boca frouxa. E então você chega a sua barriga maciça. Seria difícil exagerar a ubiqüidade do diminutivo (-ito, -ita) no espanhol latino-americano, algo que tem sua origem na indulgência e reverência extremas em relação aos jovens. Topam-se constantemente com homens adultos com nomes de menino -robustos Sergitos, fortões Huguitos (eu, por exemplo, sou amigo de um homem de 60 anos conhecido simplesmente como Ito). Mas quem quisesse chamar Maradona de "Dieguito", hoje em dia, se sentiria sufocando com a palavra. A figura de Maradona ainda é vista com freqüência na televisão, cambaleando em aeroportos, enfiado dentro de carrinhos de golfe, com seu cabelo de volta à cor antiga e usando roupas mais sóbrias -mas sua circunferência continua prodigiosa, impossível de ignorar. Ela o tortura visivelmente. E ainda se pode vislumbrar Dieguito, preso dentro de sua nova couraça, sofrendo, definhando -mas sem opor resistência nenhuma. Dizem que dentro de todo gordo existe um magro tentando sair. No caso de Maradona, a impressão que se tem é de que existe um homem ainda mais gordo tentando entrar. A autobiografia de Maradona, "El Diego" [Yellow Jersey Press, 320 págs., 16,99 libras, lançada na Argentina em 2000 com o nome de "Yo Doy el Diego" e ainda sem previsão de publicação no Brasil] estava prestes a ser publicada, e falava-se por aqui da possibilidade de ele conceder uma entrevista em Buenos Aires (eu, por acaso, me encontrava no país vizinho, Uruguai). Quando ele viajou de repente para Cuba, seu segundo lar (ou clínica de recuperação) desde 2002, não pensei duas vezes -eu o segui. É verdade que Maradona já sofrera um ataque cardíaco em abril, provocado pelo uso de drogas; mas o que se divulgou foi que essa viagem específica a Cuba era de rotina -para ele se desalcoolizar (ou descocainizar). Seu agente, um jovem com corpo de Dieguito chamado Gonzalo, me recebeu em seu hotel, e parecíamos estar avançando com cautela. Tive minha resposta no dia seguinte, no noticiário. Os médicos -os médicos de Fidel- do Centro de Saúde Mental foram enfáticos. O paciente estava todo ligado a fios, como um astronauta, e não receberia visitas de ninguém. Maradona se aposentou em 1977. Em 2001 ele jogou (bastante gordinho, admito) numa partida televisionada. Agora, em 2004, ele precisa de autorização médica até mesmo para "assistir" a uma partida de futebol pela TV. Ele tem 43 anos. Onde foi parar o Dieguito?

"Maldito milagre"
Afirma-se às vezes -ou alega-se- na América Latina que a chave para compreender a personalidade argentina pode ser encontrada na maneira como os argentinos vêem os dois gols de Maradona na Copa do Mundo de 1986, contra a Inglaterra. No primeiro deles, batizado de "a mão de Deus" por aquele que o fez, Maradona levitou de maneira dramática e fez o gol com seu punho esquerdo, astutamente escondido. Mas o segundo gol, que aconteceu minutos mais tarde, foi aquele que Bobby Robinson, mais tarde, chamou de "maldito milagre": ao receber um passe de sua própria área de pênalti, Maradona, como se expiasse seus pecados, abaixou a cabeça e pareceu escavar um caminho em meio ao time inglês inteiro antes de enganar [o goleiro] Shilton e colocar a bola na rede. Na Argentina, é do primeiro gol que as pessoas "realmente" gostam, não do segundo.
Para o machão argentino (ou, pelo menos, é o que diz a generalização caluniosa), ganhar trapaceando é incomparavelmente mais satisfatório do que fazê-lo por meios corretos. "É a mesma coisa no governo, nos negócios. Eles não apenas toleram a corrupção -a reverenciam." É uma propensão que se estende para a arena sexual, coisa visível pelo alto valor atribuído, entre os machões, à sodomia heterossexual -algo observado em suas viagens por V.S. Naipaul e, de maneira mais surpreendente (isso foi na década de 1920), por Jorge Luís Borges, que a via como a essência do culto ao "tirar vantagem".
No léxico pessoal de Maradona, a mesma palavra designa fazer gols e fornicar (a palavra é "vacinar" -uma escolha bizarra, quando se recorda que Diego, tão freqüentemente antes das partidas, recebia injeções de analgésico dadas com agulhas de 15 cm mergulhadas em sua patela inflamada ou dedão supurado). Segundo essa lógica, o segundo gol contra a Inglaterra foi apenas uma epifania erótica lânguida; o primeiro foi uma transa emocionante, de fazer os joelhos tremerem, em pé numa viela escura, sendo que ambas têm suas vantagens. De maneira mais geral, existe nessa cultura um senso de humilhação ou abjeção em jogar "sempre" segundo as regras.
De qualquer maneira, quando, em "El Diego", chegamos à partida contra a Inglaterra, o leitor já se encontra completamente seduzido pela história e pela ingenuidade turbulenta com que Maradona a relata. Para começar, as paixões envolvidas não eram apenas lúdicas: "Na entrevista antes da partida, todos nós dissemos que não se deve misturar futebol e política, mas era mentira. Só pensávamos nisso. Até parece que era apenas uma partida como outra qualquer! De jeito nenhum".
E não era apenas a questão das Malvinas: era toda a revanche de uma população subjugada e depauperada. Então, tendo exultado longamente com o segundo gol ("eu queria colocar a seqüência toda em imagens paradas, ampliadas, sobre a cabeceira de minha cama"), Maradona volta sua atenção ao primeiro: "Tive muito prazer com o outro gol também. Às vezes chego a pensar que curti esse primeiro mais...". E o leitor, quando chega a esse ponto, só pode concordar com a tranqüilidade satisfeita de sua conclusão: "Cada um teve seu charme próprio".
Em outras palavras, tudo vale -tudo é doce- no amor e na guerra. E, por alguma razão, é isso que o futebol é, e são essas as energias que ele convoca: as energias do amor e da guerra. Foi uma infância sem proteção, sob todos os sentidos. Se a sociedade tinha seus males, nada se interpunha entre eles e Dieguito. "Todo mundo fala sobre modelos a seguir. Modelos uma pinóia! Na Argentina, não temos uma única pessoa viva que possa ser vista como exemplo, então parem de me encher o saco sobre isso."
O belo esporte era um caminho para sair da favela, mas estava longe de ser um exemplo de probidade para o garoto em fase de crescimento. O futebol era tão corrupto e predatório quanto todo o resto. O que havia (e esse era um fato sobejamente conhecido) era uma liga cujos jogadores tinham que subornar os dirigentes para conseguir fazer parte do time -em que [o meia francês] Patrick Vieira, por exemplo, teria tido que engraxar a mão de Arsene Wenger [cartola do clube de futebol inglês Arsenal, em que joga Vieira ] se não quisesse ser relegado ao banco de reservas.
O bairro de Maradona em Buenos Aires era a Villa Fiorita, um deserto infecto nos anos 1960 (e, hoje em dia, uma Saddam City do crime fartamente armada). "Meus pais eram gente trabalhadora comum", escreve Maradona, mas a frase padronizada não chega a ser adequada para descrever a realidade. Os dez membros da família Maradona ocupavam uma meia-água de três cômodos onde a única água corrente era a torrente que atravessava o telhado ("a gente se molhava mais dentro do que fora de casa").


A influência que Diego foi conquistando parecia moldada para distanciá-lo da realidade -que incluía a "guerra suja", o terror e os 30 mil desaparecidos


A obsessão pelo futebol parece ter sido totalmente inata; não há memórias precedendo-a nem interesses que possam competir com ela. Quando Diego, menino, saía para fazer alguma coisa mandado pelos pais, o fazia equilibrando uma laranja com os pés pelo caminho. Quando tinha três anos de idade, um primo lhe deu sua primeira bola de couro ("eu dormia com ela abraçada ao peito"). Quando ele foi fazer seu primeiro teste, aos nove anos, já era tão hábil que o treinador desconfiou seriamente que ele fosse anão. Ele entrou para o time adulto aos 15 anos e, com seu primeiro salário, comprou uma segunda calça, para suplementar a calça azul-turquesa com barra virada para cima.

Caos interior
A partir desse momento, a influência que ele foi conquistando parecia moldada perfeitamente para distanciá-lo da realidade -e a realidade, na época, incluía a "guerra suja", o terror e os 30 mil desaparecidos. "Na idade em que a maioria das crianças ouve histórias, ele ouve ovações", dizia uma manchete. Três meses depois de estrear como jogador profissional, Maradona já treinava com a seleção nacional, enfrentando Daniel Passarella e Mário Kempes. Aos 18 anos, após uma vitória sobre o Cosmos, dos EUA, ele trocou camisetas com Franz Beckenbauer; aos 19, marcou seu centésimo gol. Ele já era o rosto da Coca-Cola, Puma e Agfa.
Marginais e relativamente pobres, os times sul-americanos funcionam como campos de treinamento e recrutamento para os clubes da Europa, e, em 1982, para não fugir à regra, Maradona foi transferido para o Barcelona, por US$ 8 milhões. Quando foi para o Napoli, dois anos mais tarde, passou a receber US$ 7 milhões por ano, mais US$ 3 milhões da televisão italiana (sem falar em US$ 5 milhões da Hitachi). Uma sondagem do International Management Grup (IMG) o apontou como a "pessoa mais conhecida do mundo", e ele recebeu a oferta de US$ 100 milhões por seu "direito de imagem", oferta essa que rejeitou por razões patrióticas (o IMG queria que ele tivesse nacionalidade dupla). O ano de 1986 lhe proporcionou sua apoteose nacionalista: ele foi capitão da Argentina na Copa do Mundo, e a Argentina ganhou. Maradona tinha 26 anos.
"El Diego" é uma narrativa transparente, e, em seus interstícios, não paramos de enxergar um caos interior assustador -falhas agudas e crônicas de caráter e de julgamento e, sobretudo, um autoconhecimento que teima em permanecer ausente. Quando Maradona tinha 14 anos, ele caiu sob o controle de seu primeiro empresário, um antigo mentor com o nome nada encorajador de Jorge Cyterszpiler. Percebemos o que vem pela frente quando, ainda numa primeira fase, Maradona se gaba de que "cuidamos de tudo na base da amizade. Não foi assinada nem uma única folha de papel". Não surpreende que, ao chegar a Nápoles, dez anos mais tarde, ele revele, espantado e confuso, que "Cyterszpiler teve tanto azar com o dinheiro que eu estava a zero". Ou a menos de zero.
O azar de Cyterszpiler com o dinheiro, seus investimentos em bingos no Paraguai e coisas do gênero devoraram também a parte que coube a Maradona da taxa paga por sua transferência, além de sua casa de dez quartos em Barcelona. "O que está feito está feito", diz Diego, dando de ombros e insistindo que cada investimento (cada bingo) foi fruto de suas decisões próprias. Muito mais tarde, quando Maradona decide se esforçar para ficar em forma, ele contrata um treinador pessoal: Ben Johnson. "Sim, Ben Johnson! O homem mais veloz do mundo, não importa o que digam."
É a mesma coisa com a Camorra -a Máfia-, em Nápoles. "Eles me ofereciam coisas, mas eu nunca queria aceitá-las -por causa daquele velho ditado que diz que primeiro eles dão, depois pedem. Toda vez que eu ia a algum daqueles clubes eles me davam um Rolex de ouro, carros." Ele não "queria" aceitar os presentes, mas os aceitava.
A mesma coisa acontece com as faltas e os juízes. Quando Maradona forma uma opinião, você tem a sensação de estar assistindo a uma de suas "corridas em ziguezague": "Aquele filho da p... do Luigi Agnolin, o juiz italiano, invalidou um de meus gols sem razão. Eu nunca pisei no Bossio, de jeito nenhum. Eu o derrotei porque pulei por cima dele. Não foi um pisão intencional. Aquele Agnolin era um filho-da-mãe. Tentamos pressioná-lo desde o começo, mas o italiano não era homem de se deixar intimidar. Ele empurrou o Francescoli, empurrou! Chegou a dar uma cotovelada no Giusti. Eu gostava do Agnolin...". O lado anarquista de Maradona também se revela no desprezo ou mesmo repugnância que sente pela lei. Nas ocasiões em que atrai a atenção da polícia, ele mal se dá ao trabalho de explicar o porquê. "Fui preso! Preso!", diz ele, descrevendo brevemente a "farsa" que se segue. Enquanto isso, num aparte cortês, uma nota de rodapé se intromete para informar qual foi a acusação (posse de cocaína). Mais tarde, de volta à Argentina, depois de ser assediado sem parar, "eu reagi... Reagi como qualquer um teria reagido. Foi o episódio com a espingarda de ar comprimido, sim, isso mesmo". Mais uma vez uma nota de rodapé, ela própria evasiva, acrescenta que esse foi o "caso" em que Maradona disparou uma espingarda de ar comprimido contra jornalistas reunidos -sem informar que ele atingiu quatro deles e recebeu uma sentença de três anos de prisão, que acabou sendo suspensa.

Megalomania
O livro também contém vislumbres freqüentes de algo que se poderia chamar de excepcionalismo -ou megalomania leve. Maradona se refere rotineiramente a si mesmo na terceira pessoa, não apenas como Maradona ("Nós o fizemos maior do que Maradona", "essa é a coisa mais importante que Maradona pode ter" ou, cômica, "o tráfico de drogas é grande demais para que Maradona possa acabar com ele") mas também como El Diego: "Porque eu sou El Diego. Eu também chamo a mim mesmo assim: El Diego", "vamos ver se a gente deixa isso claro de uma vez por todas: eu sou El Diego", "Eu sou o mesmo de sempre. Sou eu, Maradona. Sou El Diego". Depois de algum tempo, a coisa pára de soar como grandiloqüência e começa a soar como auto-hipnose. Passarela era "um bom capitão, sim", admite El Diego, mas "o grande capitão, o capitão realmente grande, fui, sou e sempre serei eu". Essa forma de falar encontra eco mais tarde, em 1996, quando Maradona lançou a campanha nacional "Sol sem Drogas", dizendo "fui, sou e sempre serei dependente de drogas". O mantra do dependente que procura se curar por meio de um programa de 12 passos, normalmente uma declaração falsamente humilde de continência conquistada a duras penas, soa, no caso dele, mais como uma declaração de uma verdade irredutível. Maradona usa drogas há 20 anos. Seu consumo de drogas o levou a ser proibido de jogar durante 15 meses (na Itália), a ser expulso da Copa de 1994 ("me deram efedrina, e a efedrina é legal -ou deveria ser") e a um escândalo que pôs fim a sua carreira quando ele retornou ao Boca Juniors, em 1997, em seu canto de cisne. Não é mais possível descrever o consumo como sendo recreativo. Esse é um homem que regularmente cheira até sofrer parada cardíaca. A impressão que se tem é de que apenas uma orgia que coloque sua vida em risco é capaz de recriar a intensidade -os picos de emoção de fazer o coração estourar, os fundos de poço abissais- de sua glória passada. "El Diego" é um livro emotivo como ópera e também excepcionalmente vívido. Os exotismos do idioleto de Maradona são contrabalançados pelos clichês do futebol, repletos de palavrões, que parecem ser universais ("a multidão enlouqueceu", "aquele punheteiro" e o simpaticamente implausível "deixe fora, Diego", do empresário Carlos Bilardo). Mas também há indícios de um nível de percepção mais forte. O medo que antecede a partida, dentro do vestiário: "Senti um silêncio profundo demais, frio demais. Olhei para alguns rostos e os vi pálidos, como se já estivessem cansados". Sobre um machucado sério: "Corri atrás de uma bola perdida e ouvi o som inconfundível de um músculo se rasgando, como um zíper se abrindo dentro de minha perna". Quanto à emoção, Maradona chora um rio de lágrimas página sim, página não. E os poemas em prosa dedicados à sua mulher e à sua família se tornam ainda mais comoventes porque sabemos que ele hoje está divorciado e de relações cortadas com seus irmãos e porque sabemos que os laços do amor não foram capazes de conservá-lo dentro de sua órbita.

Atleta do povo
Muitos atletas afirmam ser campeões do povo, mas o populismo de Maradona é confirmado por seu itinerário -os redutos proletários de Buenos Aires, Nápoles e agora Havana (e o único clube francês com o qual ele chegou a flertar foi, não por acaso, o [Olympique de] Marselha [um dos clubes de maior torcida da França]). Em Buenos Aires, se você perguntar por aí, as reações a Diego são sempre reflexivas, formuladas com simpatia; e os moradores de Havana, que não chegaram a conhecer outro Maradona senão o decadente, parecem adorá-lo sem reservas ("sou fanático por Maradona"). Cuba é perfeita para ele; lá, Maradona pode ser um homem do povo e homem do presidente, sendo íntimo de outro tratante de primeira categoria, Fidel Castro.
O grande jogador Jorge Valdano disse uma coisa boa sobre Maradona e o fez em grande estilo latino: "Coitado do Diego. Durante tantos anos nós lhe dissemos sem parar "você é Deus", "você é um astro" que esquecemos de lhe dizer o mais importante: "Você é um homem".".
Mas ainda não chegamos totalmente lá. Na Itália, as pessoas diziam a ele: "Ti amo piu che i miei figli" (Amo você mais do que amo meus filhos). Não é uma frase tão blasfema quanto soa. Com seus chiliques, os males que ele próprio se faz e seu pendor incontrolável por doces, Maradona continua a ser "El Pibe de Oro", o filho de Deus. Ele ainda é Dieguito.

Tradução de Clara Allain.


Texto Anterior: + autores: A arte além da arte
Próximo Texto: Estilo forte marca ficção de autor britânico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.