São Paulo, domingo, 27 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

biblioteca básica

O Ano da Morte de Ricardo Reis

JOHN NESCHLING
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma das obras que mais gostei de ler é "O Ano da Morte de Ricardo Reis". Lembro de ter comprado o livro quando morava em Lisboa, e Saramago não era ainda o escritor famoso que é hoje. Não tinha ganho todos os prêmios que tem hoje, no início dos anos 80. Eu ia assistir um filme de Woody Allen, mas, como havia chegado meia hora antes, fui à livraria e o comprei por indicação de um amigo português. Fiquei tão fascinado com as primeiras páginas que esqueci que havia comprado ingresso para o cinema e acabei lendo tudo de uma tacada só. É uma descrição extraordinária de Lisboa, cidade onde eu estava morando, numa época pré-fascista. Falava de Fernando Pessoa e de Ricardo Reis. Era um momento em que eu estava predisposto a amar o livro.
Gosto mais do Saramago antigo, até este livro. Ele inaugurou uma forma de escrever o romance em língua portuguesa. Depois repetiu-se um pouco -pela própria lógica do mercado-, politizou-se demais, mas ainda é um dos grandes escritores, especialmente nesta obra paradigmática da literatura em língua portuguesa.


John Neschling é regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

A obra
"O Ano da Morte de Ricardo Reis", de José Saramago. 416 págs., R$ 51. Companhia das Letras (tel. 0/xx/11/3707-3500).


Texto Anterior: Ponto de fuga- Jorge Coli : Uma divina imagem
Próximo Texto: + autores: A vítima é o criminoso
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.