São Paulo, domingo, 27 de março de 2005

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Telabruta

Busca de uma terceira via entre a crítica social e o entretenimento marca "Quanto Vale ou É por Quilo?", de Bianchi, "Quase Dois Irmãos", de Murat, e "Cabra-Cega", de Venturi, que entram em cartaz a partir desta semana

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O cinema político brasileiro talvez tenha atingido seu ápice com as alegorias barrocas de Glauber Rocha, especialmente com "Terra em Transe" (1967), até hoje exemplo inigualável de realização do ideal de Maiakóvski: "Para um conteúdo revolucionário, uma forma revolucionária".
Mas houve outras vertentes relevantes: o neo-realismo de Nelson Pereira dos Santos, o anarquismo exasperado de Júlio Bressane e Rogério Sganzerla e, no outro extremo, os filmes de entretenimento que tiveram a história política como tema ("Pra Frente Brasil", de Roberto Farias, "O Que É Isso Companheiro?", de Bruno Barreto, "Lamarca", de Sérgio Rezende, "Olga", de Jayme Monjardim).
Nos últimos anos, o confronto entre o regime militar e a esquerda armada tem sido revisitado a partir de novos ângulos.
"Ação Entre Amigos", de Beto Brant, e "Dois Córregos", de Carlos Reichenbach, são exemplos dessa tendência, que prossegue agora com os novos filmes de Lúcia Murat, "Quase Dois Irmãos", e Toni Venturi, "Cabra-Cega".
Mas, ao lado dessas abordagens da esfera diretamente política, existe também uma nova e multifacetada vertente, mais brutalista (na falta de nome melhor), que aponta suas câmeras para os aspectos mais violentos da nossa tragédia social, seja com o "approach" áspero de um Sérgio Bianchi ("Cronicamente Inviável", "Quanto Vale ou É por Quilo?"), de um Reichenbach ("Garotas do ABC"), de uma Tata Amaral ("Um Céu de Estrelas") ou de um Roberto Moreira ("Contra Todos"), seja com o apuro técnico e o ritmo hollywoodiano de um Fernando Meirelles ("Cidade de Deus").
A seguir, seguem entrevistas com Bianchi, Venturi e Murat, que falam sobre os filmes que estão prestes a lançar e sobre o cinema político em geral.


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