São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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Traufaut


O equilíbrio financeiro do cineclube vê-se ameaçado, entretanto, pelas dívidas acumuladas por Truffaut para financiar as sessões semanais e a locação dos filmes. Ele chegou a um acordo com o chefe do departamento cinematográfico dos Éclaireurs de France, o sr. Guillard, um colega de seu pai, para alugar a prazo cópias da MGM sem a intermediação da federação de cineclubes. Os Éclaireurs de France pagam antecipadamente o aluguel e Truffaut compromete-se a reembolsá-los com a receita da manhã de domingo. O mesmo contrato é assinado com o sr. Marcellin, proprietário do Cluny-Palace. O problema é que as dívidas aumentam: 8.000 francos depois da segunda sessão, de 21 de novembro, dedicada a "Barreaux Blancs", e 7.500 depois da sessão de 28 de novembro, com "Ben Hur", de Fred Niblo... Truffaut precisa dar um jeito para acertar as contas. As circunstâncias não o ajudam.
Cinco meses antes, no fim de junho, ele deixou a firma Simpère, cansado do trabalho pesado, tedioso e repetitivo, com 12.000 francos de indenização, que lhe permitiram dar a partida no cineclube. Desde então, trabalha meio expediente numa livraria-papelaria perto da Comédie Française, La Paix Chez Soi, onde ganha muito menos. Não julgou necessário informar a respeito os pais, que pensam estar ele ainda na Simpère, já que continua a entregar-lhes uma parte de seu salário juntamente com contracheques que trazem o logotipo da firma. Janine e Roland Truffaut ignoram que o dinheiro é de empréstimos e que François furtou os contracheques antes de deixar a empresa.


continua




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