São Paulo, Domingo, 30 de Maio de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conheça os fundamentos da nouvelle vague

da Equipe de Articulistas

Para quem deseja ter uma visão concisa e precisa do que foi a nouvelle vague, o melhor livro é "La Nouvelle Vague - Une École Artistique", de Michel Marie. Eis, por exemplo, como o autor resume os princípios daquilo que chama de "uma escola artística":
a) "O corpo doutrinário" - A base crítica da nouvelle vague se constitui da política dos autores tal como a define o grupo dos "hitckcock-hawksianos" (aqueles fãs incondicionais de Alfred Hitchcock e Howard Hawks dos "Cahiers du Cinéma");
b) "O programa estético" - Decorre dessa política e consiste em fazer filmes pessoais escritos e concebidos por seus autores;
c) "A estratégia" - É a do baixo orçamento e da autoprodução;
d) "O manifesto" - É o texto de François Truffaut "Uma Certa Tendência do Cinema Francês", publicado nos "Cahiers du Cinéma" n. 31, em 1954, no qual ele aniquila o "cinéma de qualité" francês;
e) "O suporte editorial" - Naturalmente, os "Cahiers du Cinéma";
f) "A estratégia promocional" - É concebida e posta em prática por François Truffaut sobretudo nas colunas do semanário "Arts", o que o transforma no líder do grupo;
g) "O teórico" - É André Bazin, cujos artigos aparecem reunidos, após sua morte em 1958, em quatro pequenos volumes sob o título muito programático de "O Que É o Cinema?";
h) "Os adversários" - Formam grandes batalhões, à frente de todos os cineastas e roteiristas da "qualité française", como Truffaut os designou.
Marie resume também de maneira didática algumas características recorrentes dos filmes da nouvelle vague: o autor/diretor, a improvisação, o cenário natural, a equipe "leve", o som direto, a película de alta sensibilidade, a utilização frequente de atores não-profissionais. Mas, como se sabe, todo esquema tem suas falhas. Godard, por exemplo, deu preferência à dublagem para facilitar a produção de seu "Acossado". E, se Truffaut usou o menino inexperiente Jean-Pierre Léaud em "Os Incompreendidos", Léaud logo se transformou num dos atores profissionais preferidos do cinema francês. (LN)



Texto Anterior: Lúcia Nagib: O cinema acossado
Próximo Texto: Os cem mais - Candido Mendes: Pindorama e o saber incompleto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.