São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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Biblioteca básica

A Paixão Segundo G.H.

NÁDIA BATELLA GOTLIB
ESPECIAL PARA A FOLHA

O livro que li e que considero como o que mais importância teve na minha vida não foi, curiosamente, um clássico da literatura universal. Foi um livro curto escrito no Brasil, por uma escritora russa/ucraniana/judia naturalizada brasileira que, na época, não era conhecida como é hoje: Clarice Lispector. O livro chama-se "A Paixão Segundo G.H.", publicado em 1964.
Esse livro me pegou de surpresa. Acho que não estava preparada para receber o impacto. Comecei a ler, larguei, não gostei, mas, conforme palavras de Clarice, "o mal estava feito". Não consegui mais me separar desse livro. Voltei a ele algumas vezes, lendo em pequenas doses, até que um dia consegui chegar até o fim. Depois li de uma "assentada só", enfrentando uma espécie de desconforto difícil. Desde então, volto periodicamente a ele. É um dos meus livros de cabeceira.
As razões que justificam tantas leituras também foram variando, de acordo com as circunstâncias. Mas até hoje persistem. No início, lia simplesmente porque não conseguia entender do que se tratava. Depois, por motivos profissionais, lia procurando dar nomes a essa coisa que ali acontecia. E houve as vezes em que, sem compromisso, procurava ler por puro prazer e horror diante da nossa dimensão humana, ali estampada de frente e até o âmago, sem concessões.


Nádia Batella Gotlib é crítica literária. Autora de "Clarice - Uma Vida que se Conta" e "Tarsila do Amaral - A Modernista", entre outros.

A obra
"A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector, 180 págs., R$ 25. Ed. Rocco (tel. 0/xx/21/2584-3536).


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