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Biblioteca básica
A Paixão Segundo G.H.
NÁDIA BATELLA GOTLIB
ESPECIAL PARA A FOLHA
O livro que li e que considero como o que mais
importância teve na minha vida não foi, curiosamente, um clássico da literatura universal.
Foi um livro curto escrito no Brasil, por uma escritora russa/ucraniana/judia naturalizada brasileira
que, na época, não era conhecida como é hoje: Clarice
Lispector. O livro chama-se "A Paixão Segundo G.H.",
publicado em 1964.
Esse livro me pegou de surpresa. Acho que não estava
preparada para receber o impacto. Comecei a ler, larguei,
não gostei, mas, conforme palavras de Clarice, "o mal estava feito". Não consegui mais me separar desse livro.
Voltei a ele algumas vezes, lendo em pequenas doses, até
que um dia consegui chegar até o fim. Depois li de uma
"assentada só", enfrentando uma espécie de desconforto
difícil. Desde então, volto periodicamente a ele. É um dos
meus livros de cabeceira.
As razões que justificam tantas leituras também foram
variando, de acordo com as circunstâncias. Mas até hoje
persistem. No início, lia simplesmente porque não conseguia entender do que se tratava. Depois, por motivos
profissionais, lia procurando dar nomes a essa coisa que
ali acontecia. E houve as vezes em que, sem compromisso, procurava ler por puro prazer e horror diante da nossa dimensão humana, ali estampada de frente e até o
âmago, sem concessões.
Nádia Batella Gotlib é crítica literária. Autora de "Clarice - Uma Vida
que se Conta" e "Tarsila do Amaral - A Modernista", entre outros.
A obra
"A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector, 180 págs., R$ 25.
Ed. Rocco (tel. 0/xx/21/2584-3536).
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