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Análise Comércio internacional

Protecionismo não tem valia sem política industrial sustentável

Abertura de mercado apenas expôs a fragilidade do país; paliativos não trarão de volta confiança dos empresários

FERNANDO ZILVETI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A partir de 1990, o Brasil abriu seu mercado para o mundo. Justificou-se o governo de então atacando a indústria, que "produzia carroças" sob complacência do Estado paternalista.

Houve, em seguida, um relativo alinhamento do país ao modelo de comércio internacional sem fronteiras. Protecionismo virou palavra proscrita no mundo globalizado.

As políticas econômicas imperialistas foram abandonadas junto ao entulho da Guerra Fria. O protecionismo, porém, foi reciclado na "livre circulação de bens e serviços no âmbito de mercados comuns". O choque entre civilizações viria a ser organizado pelas regras de mercado.

A Organização Mundial do Comércio e a Organização para o Cooperação e Desenvolvimento Econômico ditaram regras de comércio internacional e tributação, a fim de promover o deslocamento de riquezas em defesa de determinadas economias.

Não demorou para que esse castelo de cartas desmoronasse, deixando à mostra as verdadeiras intenções dos defensores da universalização.

A crise mundial impediu a concretização da dominação econômica. Não houve consenso nem tampouco tempo hábil para concertos jurídicos que perpetuassem estruturas estatais anacrônicas.

O protecionismo seguiu, porém, encruado, dissimulado por subvenções indiretas.

Enquanto isso, os empreendedores brasileiros seguiram carentes de medidas perenes de sustentação do claudicante parque industrial.

A abertura de mercado apenas expôs ao mundo a fragilidade interna, enquanto os demais agentes internacionais cuidavam de esconder suas inoperâncias.

O atual aumento de tributos sobre a importação de nada adianta se não for acompanhado de uma política pública industrial a médio prazo, que dê trabalho aos nossos filhos e netos e não mantenha a chaga de mero exportador de commodities.

A continuidade de paliativos não trará de volta os empreendedores, descrentes da falta de firmeza de governo.

FERNANDO ZILVETI é livre-docente pela Faculdade de Direito da USP e professor da GV Administração.

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