São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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Acordo com PT frusta acionistas minoritários da Oi

Expectativa era que portugueses comprassem subsidiárias da holding da Oi e estendessem oferta a minoritário; ações caíram 21%

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Os termos do acordo anunciado entre Portugal Telecom e Oi na quarta-feira surpreenderam e desagradaram aos acionistas minoritários.
Com isso, as ações, que vinham subindo com a expectativa da união entre as duas, desabaram após o anúncio.
O papel ordinário da Tele Norte Leste (chamado de Telemar ON) tombou 20,5% em três dias, depois de ter subido 18,5% desde junho. Já o preferencial (Telemar PN) caiu 15,8% entre quarta e sexta. Antes, acumulara alta de 5,6% de junho à terça.
Os papéis da Oi vinham subindo devido à expectativa de que a PT comprasse parte das empresas da Oi listadas na Bovespa- Tele Norte Leste e Telemar Norte Leste.
Nesse caso, a PT seria obrigada a estender a oferta feita aos acionistas majoritários também aos minoritários, direito chamado "tag along".
Mas a operadora portuguesa optou por adquirir 22,38% da controladora das empresas listadas, a Telemar Participações, que não tem ações negociadas na Bolsa.
"Isso frustrou os minoritários. Muitos compraram o papel na expectativa do "tag along'", disse a chefe de análise da Spinelli Corretora, Kelly Trentin.
Sem a confirmação do "tag along", os papéis devolveram os ganhos. No entanto, o anúncio de uma operação de capitalização intensificou o movimento de queda.
O acordo entre Oi e PT prevê a realização de nova oferta de ações da Tele Norte Leste e da Telemar Norte Leste para capitalizar a empresa.
O problema é que o valor da capitalização é alto demais: R$ 12 bilhões para cada uma das duas companhias. A expectativa de uma enxurrada de ações acaba derrubando o preço dos ativos.
Os atuais acionistas terão prioridade para comprar as novas ações. Se houver sobra, a PT poderá comprar até R$ 3,733 bilhões.
"Os minoritários que não entrarem na capitalização terão sua participação na Oi diluída. Hoje não seria interessante entrar, pois, com a forte queda das ações, os papéis agora valem menos do que os preços fixados para a capitalização", observa Trentin.

INTERNACIONALIZAÇÃO
Apesar disso, a analista da Spinelli vê aspectos positivos. Segundo ela, a capitalização vai reduzir o endividamento da Oi, dando recursos para ela se internacionalizar.
A analista da Ativa Luciana Leocadio discorda, pois vê muitas incertezas no plano de expansão. O acordo prevê que a Oi compre 10% da PT. "Portugal não é um mercado promissor", afirma.


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