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ANÁLISE
Governo recém-eleito da Hungria está fazendo política com sua dívida externa
DECLARAÇÕES DOS ÚLTIMOS DIAS PARECEM TER SIDO FEITAS PARA PROVOCAR A BAIXA DA MOEDA LOCAL E, ASSIM, ESTIMULAR AS VENDAS PARA O EXTERIOR
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LANDON THOMAS JR.
DO "NEW YORK TIMES"
De acordo com os números, a Hungria não é a Grécia.
Seu deficit orçamentário
equivale à metade do grego.
O país não usa o euro e, portanto, poderia, se pressionado, elevar exportações por
meio de uma desvalorização
cambial. E está em meio a um
plano de reforma econômica
assistido pelo FMI, com direito a recorrer a uma linha de
crédito de até US$ 2 bilhões
em caso de necessidade.
Porém, isso não impediu
que comentários provocados
por motivos políticos feitos
na semana passada por
membros do governo húngaro causassem queda livre nas
Bolsas mundiais, na sexta.
O motivo, possivelmente,
é que o governo de centro-direita do premiê Viktor Orban,
recentemente eleito, está
-como muitos outros governos europeus- enfrentando
a quase impossível tarefa de
satisfazer a dois grupos de interesses muito distintos.
De um lado, os eleitores insatisfeitos, que não desejam
novos cortes em seus salários
e benefícios; de outro, a
União Europeia, o FMI e os
investidores no mercado de
dívida pública, que insistem
em medidas de austeridade
ainda mais profundas como
forma de reduzir a dívida.
Peter Szijjarto, porta-voz
do novo premiê, declarou na
sexta-feira que a economia
húngara estava em situação
"muito grave". Ele chegou a
mencionar a possibilidade
de uma moratória, alegando
que especulação quanto a isso "não seria exagero".
Sob a condição de anonimato, funcionários do governo e executivos financeiros
que estão assessorando as
autoridades alegaram que a
Hungria mantém o compromisso de reduzir o deficit,
adotado no governo anterior.
E, embora admitissem que
era possível que o deficit superasse sua meta para 2010,
disseram que isso pode ter sido causado mais pelas diferenças sobre como contabilizar os números financeiros
que por manobras de camuflagem em larga escala como
as adotadas pela Grécia.
Mesmo assim, embora
comparar Hungria e Grécia
possa enervar os investidores internacionais, a comparação tem méritos na política
interna. Por um lado, pode
convencer uma população
relutante a aceitar os cortes
de gastos ainda mais severos
que estão por vir; por outro,
concede poder de negociação ao governo para impor
cortes de impostos e outras
medidas que combatam deficit e estimulem a expansão.
"Agora o objetivo primário
é o crescimento", disse um
funcionário do governo.
Na Hungria, uma economia pequena e aberta que
tradicionalmente depende
das exportações para promover crescimento, existe a impressão de que o governo teria invocado o espectro de
um colapso econômico ao estilo grego a fim de provocar
uma baixa do forinte (a moeda local) e assim tornar as exportações mais competitivas.
Mas 75% das exportações
da Hungria se destinam à zona do euro, que está em desaceleração e cujos dirigentes
parecem mais interessados
em promover uma queda do
euro a fim de estimular as exportações regionais. Com isso, é improvável que a Hungria consiga uma aceleração
acentuada nas exportações.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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