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País cresce 9%, mas ritmo já perde força
Indústria e investimento são destaques do "PIB chinês" no 1º trimestre; indicadores mostram desaceleração
Taxa de investimento
ainda não está no nível
considerado necessário
para país crescer em
ritmo forte sem inflação
Rodrigo Paiva - 1º.jun.10/Folhapress
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Linha demontagem da Ford em São Bernardo (SP); indústria cresceu 4,2% ante o 4º tri
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
PEDRO SOARES
DO RIO
O ritmo de crescimento
"chinês" do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre já perde força. Mas ele finalmente se espalhou por duas áreas cruciais que ainda não haviam
recuperado todas as perdas
da crise de 2008-2009.
Entre janeiro e março, a indústria e os investimentos foram os grandes destaques do
crescimento de 9% do PIB
ante igual período de 2009.
Foi o maior salto do PIB
desde o início da série do IBGE para esse tipo de comparação, em janeiro de 1996, e
pôs o Brasil no 6º lugar entre
os países que mais cresceram
no trimestre passado, em lista que considera, entre as 60
maiores economias, as 45
que já divulgaram os dados.
Na comparação com o último trimestre de 2009, o PIB
subiu 2,7%. A indústria liderou a alta e cresceu 4,2%. Os
investimentos, 7,4%.
As duas áreas contribuíram para um aumento de
13,1% nas importações, boa
parte de matérias-primas e
de máquinas e equipamentos para o setor industrial.
O aumento da chamada
FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo, nome técnico para
os investimentos) é crucial
para que o país cresça sem
inflação. Como proporção do
PIB, a FBCF atingiu 18%.
Isso é mais do que os
16,3% do primeiro trimestre
de 2009. Mas ainda está muito aquém dos 25% que muitos economistas consideram
ideal para o país sustentar
crescimento ao redor de 6%.
O primeiro trimestre foi o
quarto consecutivo de recuperação. O PIB havia registrado contração recorde de
2,1% entre janeiro e março de
2009, no auge da crise.
O resultado negativo daquele trimestre levou o PIB
brasileiro a encolher 0,2%
em 2009. Agora, se o ano tivesse terminado em março, o
país teria crescido 2,4%.
"A economia se recuperava desde o segundo trimestre
de 2009, mas só agora o nível
de investimentos chegou ao
patamar do último trimestre
de 2008, logo antes da crise",
diz Rebeca Palis, gerente de
Contas Trimestrais do IBGE.
"A indústria, mais afetada
pela crise, também já atingiu
nível ligeiramente superior."
Para André Rebelo, economista da Fiesp, neste segundo trimestre o crescimento
deverá ser mais "modesto".
A desaceleração já aparece
nos dados de produção de
papelão ondulado para embalagens, fabricação de automóveis e no movimento de
transporte de cargas.
MODERAÇÃO
"Há certamente uma moderação do crescimento, mas
isso deve ser relativizado. O
desempenho do primeiro trimestre foi absolutamente atípico, sem chance de se repetir", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados.
Agora, os números do PIB
serão menores por influência
de estatísticas passadas.
O primeiro trimestre de
2009 foi o "fundo do poço"
da crise para o Brasil. É isso o
que explica em grande medida o salto de 9% agora. Mas,
conforme o resto do ano for
correndo, o crescimento se
dará, a cada trimestre, sobre
bases maiores.
O consumo das famílias já
mostra ritmo menor de alta.
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