São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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Fim de incentivos fiscais freia economia no 2º tri

DO ENVIADO AO RIO
DO RIO

A economia brasileira segue em ritmo acelerado no segundo trimestre, mas em nível mais brando, apontam dados setoriais que antecedem o comportamento da atividade como um todo.
Um dos termômetros é o licenciamento de veículos -um indicativo das vendas. Eles cresceram 26% em março, último mês do primeiro trimestre. Em abril, a expansão foi de 17%. Em maio, perderam ainda mais ritmo e avançaram apenas 4% ante o mesmo mês de 2009.
O setor retrata bem, dizem economistas, a tendência de antecipação do consumo, que marcou o primeiro trimestre e fez o PIB crescer numa velocidade atípica.
Esse cenário foi estimulado principalmente pela redução do IPI para veículos e eletrodomésticos.
O fim do desconto do IPI em março também levou a indústria a antecipar a produção até o final daquele mês. E o comércio, a estocar mais produtos para continuar vendendo em abril produtos ainda sem o imposto.
Na área de energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico registrou recuo de 1,2% no consumo em maio, na comparação com abril.
Para Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, haverá um "arrefecimento da economia" a partir do segundo trimestre por conta do fim dos incentivos fiscais e do aumento dos juros (reação do Banco Central à pressão inflacionária).
"Não é possível sustentar um crescimento tão forte. Por isso, os juros vão continuar subindo", acredita Bacciotti.

ARRANCADA
Para Sérgio Vale, economista da MB Associados, o primeiro trimestre representou "uma arrancada da economia no pós-crise" e, a partir do segundo, o crescimento se acomodou.
Apesar da freada, Vale ainda espera expansão do PIB de 7,9% ante o segundo trimestre de 2009 e de 1,1% sobre o primeiro trimestre.
Segundo o economista, somente o fim da redução do IPI contribui para conter o nível de atividade, já que outros fatores seguem como estímulo ao consumo e ao investimento. É o caso da demanda por crédito, que avançou 11% em maio.
"A gente já esperava uma acomodação natural do crescimento no segundo trimestre, tanto pelo ritmo forte do primeiro trimestre como pelo efeito da antecipação do consumo", diz Thaís Marzola Zara, economista da Rosenberg e Associados.


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