São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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Acordo da Telebrás opõe Costa e Talma

Após afirmar que ex-ministro se beneficiou de indenização, diretor da Globo se retrata

ELVIRA LOBATO
DO RIO

Um acordo de indenização de R$ 254 milhões, assinado pela Telebrás, em 2006, opôs o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa e o diretor de novelas da TV Globo Roberto Talma, que pleiteia na Justiça ficar com parte da indenização.
A Telebrás é subordinada ao ministério e o acordo foi assinado durante a gestão de Costa. O beneficiário da indenização é a empresa VT UM Produções e Empreendimentos, de Uajdi Moreira, empresário, ex-produtor da Globo e amigo tanto de Costa (que fez carreira jornalística na emissora) como de Talma.
Talma reivindica na Justiça de São Paulo receber 23% da indenização obtida pela VT UM, como pagamento de empréstimo feito a Moreira. No calor da disputa judicial com Moreira, Talma acusou Costa de ter embolsado parte da indenização paga pela Telebrás. A acusação foi publicada pela revista "IstoÉ", em agosto do ano passado, quando Costa concorria ao governo de Minas Gerais. "Acho que Uajdi já deu o dinheiro que tinha que dar para o Hélio Costa", disse Talma à revista. O ex-ministro, em resposta, o processou.

RETRATAÇÃO
Anteontem, Talma se retratou publicamente da acusação feita. Em anúncio publicado na Folha, ele qualificou as declarações que deu à revista de "injuriosas", "ofensivas" e "inverídicas".
Dos R$ 254 milhões de indenização estabelecidos no acordo, a Telebrás pagou à VT UM R$ 95,5 milhões em dinheiro (R$ 59,5 milhões à vista, na assinatura do contrato, e 40 parcelas mensais de R$ 900 mil).
O restante foi pago com direitos de crédito da Telebrás em ações contra a Telesp e a contra a Fazenda Nacional. Em abril deste ano, a União e a Telebrás entraram com ação na Justiça Federal para anular o acordo e bloquearam o pagamento em títulos até o julgamento final da ação.
A VT UM pediu a indenização em junho de 1998, um mês antes da privatização do Sistema Telebrás. Alegou que tinha contrato para venda de serviços a terceiros por telefone com a Embratel, então subsidiária da Telebrás, e que ela rompeu o contrato. As empresas pagariam indenização em proporções iguais. Em 2005, já privatizada, a Embratel encerrou a discussão com a VT UM pagando R$ 44 milhões, um sexto do valor admitido pela Telebrás.

OUTRO LADO
O governo informou que Costa não é réu na ação de anulação do acordo e que o STF (Supremo Tribunal Federal) já declarou que a responsável pela assinatura do acordo foi a Telebrás, que tem autonomia administrativa. Talma e Moreira não foram localizados pela reportagem para comentar o assunto.


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