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ANÁLISE
Juros e crise da Europa podem afetar recuperação do setor
CLAUDIO AMITRANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O IBGE divulgou os dados
de abril sobre o emprego industrial. As notícias são bastante animadoras, pois, com
crescimento de 0,4% ante o
mês anterior e de 3,3% sobre
abril de 2009, o emprego na
indústria vem se recuperando e está a só três pontos percentuais do pico de setembro
de 2008, mês de eclosão da
crise internacional.
Contudo, as informações
não são surpreendentes,
pois, embora tenha demorado a reagir à crise com cerca
de seis meses de atraso "vis-à-vis" à produção, devido à
piora das expectativas, a
ocupação cresce desde julho.
Os resultados são consoantes com os dados do PIB,
que revelaram não só a expansão da economia no agregado mas que o setor que
mais cresceu no primeiro trimestre ante igual período de
2009 foi a indústria, com impressionantes 17,2%.
Dois fatos chamam a atenção sobre esses dados. O primeiro é que a ocupação cresceu, não só nos setores de
bens-salário mas nos ramos
de máquinas e equipamentos, refletindo a forte expansão do investimento, de 26%
no primeiro trimestre ante
igual período de 2009.
O segundo é que o ritmo de
alta do emprego foi maior no
Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste do que na média, o
que deve ter impactos distributivos sobre a economia.
Mas o que devemos esperar do emprego industrial em
2010? Seguramente, um bom
desempenho, acompanhando a trajetória da produção.
Mas é preciso olhar com
atenção para as expectativas
dos empresários, pois as recentes elevações dos juros e
os desdobramentos da crise
na Europa podem abalar o
"animal spirits" empresarial,
o otimismo e o estado de confiança que fazem com sejam
tomadas as decisões de investir e de contratar.
Se isso ocorrer, a recuperação do emprego e da produção industrial pode ficar
comprometida, se não neste
ano, certamente em 2011.
CLAUDIO AMITRANO é técnico do Ipea,
doutorando em economia pela Unicamp e
pesquisador associado do Cebrap.
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