São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brasil Foods está disposta a vender 15% da produção

Empresa também deve ampliar portfólio de marcas a serem vendidas para aprovar fusão Sadia/Perdigão

Cade rejeita proposta de venda de marcas com faturamento de R$ 1,5 bi; decisão sobre o negócio pode ser adiada

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Para obter a aprovação da fusão entre Sadia e Perdigão, a BRF Brasil Foods deve propor ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a venda de fábricas que representam pelo menos 15% de sua produção, segundo a Folha apurou.
Na seção ordinária do Cade da quarta-feira passada, quando teve início o julgamento da operação, a BRF sugeriu fazer contratos de industrialização com outras empresas. Nessa hipótese, a BRF venderia produtos a preço de custo para uma outra empresa comercializar, também na proporção de 15% de sua capacidade de produção.
Como a proposta foi recusada pelo relator do caso, o conselheiro Carlos Ragazzo, a companhia deve substituir essa alternativa pela venda de fábricas.
A ideia inicial é vender o equivalente a 15% de sua capacidade, mas a proposta pode sofrer ajustes à medida que forem evoluindo as conversas entre a empresa e demais conselheiros do Cade -cinco votos definirão o futuro da empresa.
Após a primeira fase do julgamento, advogados da BRF se reuniram com membros do conselho na tentativa de construir uma proposta mais adequada à visão do órgão antitruste.

MARCAS
Além de se desfazer de fábricas, a empresa estuda avançar na proposta da venda de marcas. Na quarta-feira, a BRF propôs a Ragazzo vender as marcas Rezende, Wilson e Excelsior -de produtos industrializados e pratos prontos-, além das margarinas Claybom e Deline.
As marcas oferecidas ao Cade teriam, juntas, um faturamento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.
Ragazzo recusou a proposta por considerar que se trata de marcas menos relevantes e com pouca participação de mercado. A Rezende é uma marca tradicional nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, enquanto a Excelsior tem maior relevância no Sul do país.
Diante da posição do relator, a companhia avalia a possibilidade de colocar à venda uma marca mais relevante, como a Batavo, em uma proposta mais parecida com a recomendação da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda.
Há cerca de um ano, a Seae recomendou duas alternativas para a aprovação da operação. Uma delas previa a venda de um conjunto de marcas: Batavo, Rezende, Confiança, Wilson e Escolha Saudável, consideradas "de combate".
As margarinas Doriana, Claybom e Delicata também faziam parte desse grupo.

NEGOCIAÇÕES
A outra recomendação da Seae consistia no repasse a um concorrente do direito do uso da marca Sadia ou Perdigão por um prazo de pelo menos cinco anos. As duas recomendações previam também a venda de ativos.
A Folha apurou que a venda de Sadia ou Perdigão é descartada dentro da empresa, embora a companhia esteja disposta a ceder nas negociações e evitar o desgaste de levar o caso à Justiça, o que pode demorar anos.
O compartilhamento dos ativos de distribuição por um período determinado -medida que poderia facilitar a entrada de novos competidores e a expansão de atuais rivais- é outra possibilidade.
A fusão Sadia/Perdigão está na pauta da próxima sessão ordinária do Cade, marcada para a próxima quarta-feira. Mas existe a possibilidade de o julgamento não ser retomado na data prevista.
Cabe a Ricardo Ruiz, conselheiro que pediu vista do processo, decidir se o prazo foi suficiente para definir o seu voto. Segundo fontes ligadas à negociação, ele estaria mais disposto a negociar do que o relator do processo.


Texto Anterior: Análise: É preciso entender a China e ser bem entendido por ela
Próximo Texto: Profissionalizada, festa infantil deve faturar R$ 1 bi
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.