|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Setor elétrico retoma lobby pela construção de mega-hidrelétricas
Argumento é que as novas usinas vão armazenar pouca energia
Para setor, segurança
do sistema fica sob
risco com reservatório
menor e dependência de
outras fontes aumenta
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
FÁBIA PRATES
DO RIO
Representantes do setor
elétrico estão dispostos a lançar nova ofensiva contra a
posição do setor ambiental
de impor hidrelétricas com
pequena capacidade instalada e com baixo poder de armazenar água. Eles querem a
volta das mega-hidrelétricas.
O assunto esquentou no
Enase 2010 (7º Encontro Nacional de Agentes do Setor
Elétrico), no Rio. O encontro
reuniu o alto comando privado do setor elétrico.
O argumento agora é a segurança do sistema elétrico.
Os últimos projetos só foram
licenciados com a condição
de reduzi-los como usinas a
fio d'água, nas quais só é possível aproveitar o fluxo do
rio, com pouco ou nenhum
armazenamento de água.
Projetos como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte são os
exemplos mais recentes dessa adaptação das usinas ao
novo modelo, predominante
a partir dos anos 1990, e que
obriga o setor a enfrentar a
perda de energia nos projetos, que só poderão gerar em
tempos de chuva.
"No pico, Belo Monte poderá receber vazão de 24 mil
metros cúbicos por segundo.
No período seco, a vazão cairá a mil metros cúbicos por
segundo", diz Nivalde de
Castro, coordenador do Gesel
(Grupo de Estudos do Setor
Elétrico) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo ele, "a demanda
por energia vai crescer, mas a
capacidade de reserva, não".
De acordo com dados da
EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), os projetos vão
ampliar em 11% a capacidade de armazenamento de
energia até 2019, mas a carga
necessária para abastecer o
Sistema Interligado Nacional
crescerá 53%.
Reduzir os reservatórios
significa diminuir a capacidade instalada de uma fonte
que poderia armazenar energia para períodos secos.
O setor elétrico acha que a
imposição dos ambientalistas, como condição para licenciar projetos, começa a
expor o país a um risco elevado. Sem os reservatórios para
armazenar água nos períodos de cheia, cresce a dependência nacional da geração
de energia de outras fontes
em tempos de chuva escassa.
As fontes alternativas (como biomassa, solar e eólica)
são opções positivas do ponto de vista ambiental. Mas o
país poderá ter de acionar
outra fonte, de custo elevado
e nociva para o ambiente: as
termelétricas a gás natural
ou até a óleo combustível.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Para gerador, estoque de energia encolheu Índice | Comunicar Erros
|