São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Na hora de investir, leia a "bula" com muita atenção

Fico intrigada com a frequência com que ouço a pergunta "Qual é o melhor investimento?", feita por um investidor indeciso que conseguiu poupar recursos e precisa tomar a decisão de onde investir para atingir o objetivo que planejou.
Essa não é uma pergunta simples e a resposta é mais complexa do que pode parecer. Se o investidor faz a pergunta com o intuito de ouvir uma opinião diferente da sua, ou querendo refletir sobre as alternativas disponíveis no mercado, ótimo.
A resposta que virá, se responsável, não será assertiva e trará dados para que o investidor possa analisar e decidir com cuidado. Não é raro encontrar pessoas que fazem a pergunta com o intuito de transferir a terceiros a responsabilidade da tomada de importante decisão.
Fazem isso por falta de conhecimento sobre os produtos de investimento ou para fugir da responsabilidade de ter tomado a decisão se alguma coisa sair errada.
O problema é que, se isso acontecer, o dinheiro que está em jogo é o seu e responsabilizar terceiros por uma indicação equivocada não trará o dinheiro de volta.
O investidor deve esperar que qualquer indicação deve ser precedida de um conjunto de argumentações que justifique a recomendação.
Se não fizer sentido para você, procure investigar alternativas, buscando encontrar a mais indicada para seu objetivo, seu ciclo de vida, seu perfil de risco e seu horizonte de tempo.
Você já leu a bula de um medicamento antes de tomá-lo? Se você comprou o remédio porque um amigo indicou e está em processo de automedicação, é bem provável que desista de tomá-lo.
Se houve recomendação médica qualificada, ainda assim você terá de observar uma série de restrições relacionadas à dose, ao uso e a possíveis efeitos colaterais.

LEIA E PERGUNTE
No mundo dos investimentos isso também acontece. A indústria de fundos de investimento é a que permite ao aplicador ter acesso a uma verdadeira "bula", pois é obrigatória a revelação de todas as informações sobre o investimento em um documento denominado "prospecto", que, como uma bula, deixa claro tudo o que é preciso saber antes de investir.
Você vai perceber que cada alternativa de investimento tem uma indicação específica para objetivos específicos. Investir em um fundo DI, por exemplo, não faz sentido para um investidor que está acumulando recursos para uma viagem ao exterior.
Investir em ações não é recomendado, mesmo para investidores com tolerância a risco, quando o horizonte de tempo para a disponibilidade dos recursos for de curto prazo.
Para um objetivo de longo prazo que busca preservar o poder de compra (em reais) do capital contra a inflação desse longo período não faz sentido investir em dólares ou imóveis, por exemplo.
Tomar a decisão de forma responsável e consciente não é uma tarefa simples. E não pode ser confiada a terceiros. Você, melhor do que ninguém, pode decidir o que é melhor para você.
Quando investir em fundos, leia atentamente o prospecto. Faça perguntas -muitas perguntas. Entenda por que a recomendação foi feita. Explore uma alternativa e avalie os aspectos positivos e negativos de cada uma delas.
Não contrate até que suas dúvidas tenham sido esclarecidas e você sinta a confiança necessária para dar o próximo passo. Se optar por outros produtos, aja da mesma forma.
A dose errada do medicamento certo pode matar em vez de curar. O investimento errado, na quantidade exagerada, no momento inadequado, também pode provocar prejuízos e muitas preocupações. Leia a bula com atenção!

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.


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