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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Na hora de investir, leia a "bula" com muita atenção
Fico intrigada com a frequência com que ouço a pergunta "Qual é o melhor investimento?", feita por um
investidor indeciso que conseguiu poupar recursos e
precisa tomar a decisão de
onde investir para atingir o
objetivo que planejou.
Essa não é uma pergunta
simples e a resposta é mais
complexa do que pode parecer. Se o investidor faz a pergunta com o intuito de ouvir
uma opinião diferente da
sua, ou querendo refletir sobre as alternativas disponíveis no mercado, ótimo.
A resposta que virá, se responsável, não será assertiva
e trará dados para que o investidor possa analisar e decidir com cuidado.
Não é raro encontrar pessoas que fazem a pergunta
com o intuito de transferir a
terceiros a responsabilidade
da tomada de importante decisão.
Fazem isso por falta de conhecimento sobre os produtos de investimento ou para
fugir da responsabilidade de
ter tomado a decisão se alguma coisa sair errada.
O problema é que, se isso
acontecer, o dinheiro que está em jogo é o seu e responsabilizar terceiros por uma indicação equivocada não trará o dinheiro de volta.
O investidor deve esperar
que qualquer indicação deve
ser precedida de um conjunto de argumentações que justifique a recomendação.
Se não fizer sentido para
você, procure investigar alternativas, buscando encontrar a mais indicada para seu
objetivo, seu ciclo de vida,
seu perfil de risco e seu horizonte de tempo.
Você já leu a bula de um
medicamento antes de tomá-lo? Se você comprou o remédio porque um amigo indicou e está em processo de automedicação, é bem provável
que desista de tomá-lo.
Se houve recomendação
médica qualificada, ainda
assim você terá de observar
uma série de restrições relacionadas à dose, ao uso e a
possíveis efeitos colaterais.
LEIA E PERGUNTE
No mundo dos investimentos isso também acontece. A indústria de fundos de
investimento é a que permite
ao aplicador ter acesso a uma
verdadeira "bula", pois é
obrigatória a revelação de todas as informações sobre o
investimento em um documento denominado "prospecto", que, como uma bula,
deixa claro tudo o que é preciso saber antes de investir.
Você vai perceber que cada alternativa de investimento tem uma indicação específica para objetivos específicos. Investir em um fundo DI,
por exemplo, não faz sentido
para um investidor que está
acumulando recursos para
uma viagem ao exterior.
Investir em ações não é recomendado, mesmo para investidores com tolerância a
risco, quando o horizonte de
tempo para a disponibilidade dos recursos for de curto
prazo.
Para um objetivo de longo
prazo que busca preservar o
poder de compra (em reais)
do capital contra a inflação
desse longo período não faz
sentido investir em dólares
ou imóveis, por exemplo.
Tomar a decisão de forma
responsável e consciente não
é uma tarefa simples. E não
pode ser confiada a terceiros.
Você, melhor do que ninguém, pode decidir o que é
melhor para você.
Quando investir em fundos, leia atentamente o prospecto. Faça perguntas -muitas perguntas. Entenda por
que a recomendação foi feita.
Explore uma alternativa e
avalie os aspectos positivos e
negativos de cada uma delas.
Não contrate até que suas
dúvidas tenham sido esclarecidas e você sinta a confiança
necessária para dar o próximo passo.
Se optar por outros produtos, aja da mesma forma.
A dose errada do medicamento certo pode matar em
vez de curar. O investimento
errado, na quantidade exagerada, no momento inadequado, também pode provocar prejuízos e muitas preocupações.
Leia a bula com atenção!
MARCIA DESSEN, Certified Financial
Planner, é sócia e diretora-executiva do
BMI Brazilian Management Institute,
professora convidada da Fundação Dom
Cabral e cofundadora do Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros.
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