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Confrontos destroem relíquias no Egito

Violência entre manifestantes e governo gera incêndio em instituto criado por Napoleão, com 192 mil documentos

Entre os tesouros perdidos estão mapas e manuscritos que datam do final do século 18; prédio pode desabar

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Instituto do Egito, centro de pesquisas criado pelo francês Napoleão Bonaparte no final do século 18, pegou fogo durante os confrontos entre manifestantes e militares egípcios no sábado, no Cairo.

Voluntários passaram os últimos dois dias tentando recuperar o que sobrou de cerca de 192 mil livros, jornais e manuscritos queimados.

O instituto abrigava tesouros como os 24 volumes do manuscrito "Descrição do Egito", uma das mais abrangentes obras sobre o país, da Antiguidade e seus monumentos ao dia a dia no início do século 19. A obra foi escrita por 150 estudiosos e cientistas durante a ocupação francesa, de 1798 a 1801. Uma das cinco cópias originais foi perdida no incêndio.

Um mapa raro do século 18 do país e da região da Abissínia (atual Etiópia) também foi queimado.

Além disso, há risco de o edifício que abriga o instituto desabar.

MORTES

"O incêndio desse edifício tão rico significa que grande parte da história egípcia chegou ao fim", lamentou o diretor da instituição Mohammed al Sharbouni.

O diretor disse que a maior parte da coleção do instituto foi queimada no incêndio, que durou cerca de 12 horas.

Os bombeiros usaram água para apagar o incêndio, o que aumentou os danos.

Os militares que governam o Egito acusaram ontem a imprensa de trabalhar para desestabilizar o país.

As críticas foram lançadas pelo general Adel Emara, em pronunciamento que aconteceu horas depois de as tropas de choque do governo atacarem novamente os manifestantes na praça Tahrir.

Ao menos 3 pessoas morreram, elevando para 14 o número de mortos depois de quatro dias de embates.

Os confrontos ocorrem no Cairo desde sexta feira, quando as forças de segurança reprimiram os protestos pró-democracia que duravam três semanas. Os manifestantes pedem a saída da junta militar -no poder desde a queda do ditador Hosni Mubarack em fevereiro

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar "muito preocupado" com o "uso excessivo" de força contra os manifestantes na capital do Egito. Ele pediu aos militares "moderação e respeite os direitos humanos".

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