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Petróleo pode subir 30% por sanção ao Irã, avalia o FMI

Analistas, porém, minimizam efeito de longo prazo da punição ao país

Embora não vigore ainda, embargo da UE já provocou corrida por dólares no Irã; BC do país aumentou juros

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou ontem para o risco de que os preços do petróleo no mundo subam até 30% se o Irã suspender suas exportações em razão das sanções impostas por EUA e UE (União Europeia).

Anunciadas pela UE na segunda, as novas sanções incluem o banimento das importações de petróleo (que deve começar a vigorar daqui a seis meses) e das transações com o Banco Central do Irã. O objetivo é pressionar os iranianos para que suspendam seu programa nuclear.

O FMI estima que o fim das exportações iranianas para países sem fornecedores alternativos -Grécia e Itália, por exemplo, estão em crise e dependem fortemente do petróleo do Irã- possa provocar uma alta inicial de 20% a 30% nos preços, o equivalente a US$ 30 por barril.

Ontem, o petróleo tipo Brent, que é usado para fixar o valor das variedades importadas pelas refinarias americanas, fechou cotado a US$ 109,81 em Londres -ligeira queda, de 0,2%.

De acordo com o Fundo, o impacto dos cortes no comércio com o Irã pode ser agravado pelos baixos estoques de petróleo em muitos países.

A avaliação aumenta a pressão sobre o governo de Barack Obama para que, ao mesmo tempo, faça valer as punições dos EUA contra os iranianos, citados ontem em seu discurso do Estado da União, e evite a alta dos combustíveis num ano eleitoral.

Ontem, o BC iraniano aumentou as taxas de juros sobre os depósitos bancários e indicou que pode impor novas restrições à compra de moeda estrangeira. Embora ainda não estejam em vigor, as sanções recentes fizeram aumentar muito a procura dos iranianos por dólares.

ANALISTAS MINIMIZAM

Analistas ouvidos pela Folha minimizam, no entanto, o efeito de longo prazo no preço do petróleo como resultado do embargo europeu.

Citam três explicações: o papel da Arábia Saudita na regulação dos preços, a alta demanda dos países considerados emergentes -especialmente a China- e o ambiente de crise econômica global.

"Esse bloqueio é um gesto muito mais político do que econômico ou estratégico real, mas é prematuro dizer que ele não dê em quase nada", afirma Ildo Sauer, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.

"Deve aumentar o poder de barganha chinês. Não vai demorar a que a China tenda a absorver toda a produção disponível do Irã; então, isso não deve afetar o equilíbrio da oferta e da demanda e não será fator determinante na fixação dos preços", diz.

"O que a Europa fez foi jogar o Irã na mão da China", acrescentou Sauer.

"Como a economia mundial vai mal, o impacto do embargo provavelmente vai ser menor do que se o mundo vivesse um ambiente de crescimento", avalia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

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