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Para anarquista, bancos são alvos legítimos

Jovem grego diz que prédios de instituições financeiras foram incendiados domingo por elas serem as culpadas pela crise

Ministros da zona do euro se reúnem na segunda-feira para decidir se liberam empréstimo de € 130 bi

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Um membro do movimento anarquista de Atenas, que participou dos protestos de domingo, justificou os incêndios que atingiram cerca de 50 edifícios: "Pusemos fogo nos bancos, nas grandes lojas internacionais, porque esses são os culpados da crise", disse à Folha o jovem, que não quis se identificar.

"O pacote aprovado pelo Parlamento é para salvar os bancos, e não o povo. A situação está terrível, as pessoas aqui estão se matando por não terem como pagar as contas. Até as faculdades, que antes eram gratuitas, nós teremos que pagar", criticou o estudante de economia.

Ele conta que os anarquistas da cidade temem os jornalistas porque agentes policiais estariam se infiltrando no movimento ao se passar por repórteres. A repressão aos anarquistas, segundo o estudante, tem crescido, com o fechamento de locais em que antes se encontravam.

Em uma praça mencionada por atenienses como reduto anarquista, a Exarchia, não havia movimentação ontem.

As ruas próximas ao local, contudo, estavam cheias de pichações e cartazes.

O clima de animosidade parece ter contaminado os políticos. Após Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, ter declarado que a Europa agora está mais preparada para um calote grego, o presidente Karolos Papoulias reagiu dizendo que não aceitará insultos.

"Quem é o senhor Schäuble para insultar a Grécia? Quem são os holandeses? E os finlandeses?", contra-atacou Papoulias, 82, veterano da resistência à ocupação nazista na Segunda Guerra.

A referência à Finlândia e à Holanda se explica por esses países, ao lado da Alemanha, deterem a avaliação mais alta das agências de risco e estarem colocando obstáculos à liberação de novo plano de resgate à Grécia.

Para o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, o país trava uma "guerra para sobreviver" na zona do euro.

"Há agora algumas potências na Europa que estão brincando com fogo, que acreditam que todas as exigências não serão atendidas e, consequentemente, querem a Grécia fora do bloco."

Durante o dia, agências de notícias divulgaram rumores de um adiamento do pacote de € 130 bilhões à Grécia para abril, após as eleições legislativas, o que agravaria a situação. A Grécia precisa da ajuda para pagar dívida de € 14,5 bilhões em março.

Um calote colocaria em risco a permanência do país na zona do euro -uma hipótese cada vez menos improvável.

No início da noite de ontem, o líder do conselho de ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, acalmou a situação ao declarar que houve progressos nas tratativas entre a Grécia e a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e FMI.

Ele se disse confiante em fechar o acordo na segunda-feira, em Bruxelas.

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