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É preciso armar rebeldes da Síria, diz analista

Elliott Abrams, ex-conselheiro de segurança da Casa Branca, diz que não há saída diplomática para queda de Assad

Para analista, cansaço dos americanos com guerras explica cautela de Obama em apoiar ação militar na Síria

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

Elliott Abrams, ex-conselheiro de segurança da Casa Branca em governos republicanos, diz que a comunidade internacional tem aprovado resoluções contra Síria na ONU sobre proteção de civis enquanto não fazem nada.

Ligado ao Council on Foreign Relations, ele defende que os países ajudem a armar os opositores do ditador Bashar Assad e diz que não há solução diplomática.

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Folha - Sem a perspectiva de intervenção militar, as resoluções da ONU contra A Síria são menos eficazes?

Elliott Abrams - Está claro que os países da Otan não querem intervir na Síria como fizeram na Líbia, por razões financeiras e porque suas Forças Armadas estão estendidas. E eles não irão fazê-lo sem a liderança dos EUA, sem que os EUA assumam a maior parte do fardo. Mas isso é o que eles desejam, não necessariamente como vai ser.

A ação foi forçada quando Muammar Gaddafi ameaçou assassinato em massa em Benghazi, e poderia ser forçada na Síria também. Mas no momento Assad é livre para ignorar a Otan e a ONU porque eles estão apenas falando, sem agir. Assad não vai levar a sério [as ameaças] até que eles realmente ajudem a oposição, até que entreguem à oposição mais do que discursos com os quais lutar.

Obama repetidamente aborda com precaução a possibilidade de ação militar na Síria e no Irã. Esse cuidado reflete os cortes de gasto do governo, o ano eleitoral ou os desafios de ganhar nesses países?

Reflete uma combinação de coisas. O público está cansado do Iraque e do Afeganistão e isso faz com que o presidente tenha muito cuidado com um novo compromisso. Ele também ouve do Exército e da Marinha que eles não querem correr o risco de um envolvimento.

E ele está ouvindo que não conhecemos nem confiamos na oposição [síria], apesar de que isso me parece o resultado da política [adotada para o país], não de falta de inteligência. Ou seja, quanto mais tempo ficarmos longe deles, menos saberemos sobre eles. Não acho que a questão seja financeira.

O sr. vê a possibilidade de solução diplomática?

Não. O regime não vai sair se não for derrotado.

Rebeldes na Síria estão pedindo mais armas à comunidade internacional. Será suficiente para derrotar Assad?

Eu acho que Assad vai matar e matar para permanecer no poder. Se os rebeldes podem derrotá-lo, depende em parte de que armas têm: rifles apenas ou, por exemplo, armas antitanque.

Mas armar os rebeldes terá também impacto político e psicológico, ajudando o moral dos rebeldes e ajudando a convencer muitos que estão em cima do muro de que realmente queremos derrubar Assad.

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