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Ai Weiwei instala câmeras em estúdio para ironizar governo

O artista plástico chinês Ai Weiwei, 54, está habituado a ser o centro das atenções. Agora, porém, ele está mais sujeito a ser observado do que nunca, depois de instalar quatro webcams em seu estúdio para que seus admiradores -e a polícia- possam vê-lo 24 horas por dia.

Uma das câmeras está sobre a cama dele, outra sobre o computador, uma terceira mostra o estúdio e a quarta aponta para o pátio da casa.

Segundo o artista, as câmeras de vídeo -instaladas exatamente um ano depois de ele ter sido preso pelo governo da China- são um presente para os fãs, que se preocupam com sua segurança, e para as autoridades que tenham interesse em saber o que ele está fazendo.

"Há exatamente um ano, desapareci por 81 dias; minha família e meus amigos ficaram sem saber de mim. Este é um presente para eles e para os órgãos de segurança que me seguem, me grampeiam e fazem o que podem para descobrir meus 'segredos'. Não tenho segredos", diz Ai.

O artista plástico afirma ainda que o governo instalou 15 câmeras de segurança em uma distância de 100 m da sua casa, o que faz da região onde mora a mais vigiada de Pequim, a capital chinesa.

"Eles querem me vigiar dia e noite. Então, agora tenho quatro câmeras aqui dentro para que vejam claramente o que faço", acrescenta Ai.

Em 2011, a prisão do artista no aeroporto de Pequim provocou protestos em todo o mundo -coautor do projeto do estádio Ninho de Pássaro, utilizado durante a Olimpíada de 2008, Ai Weiwei é um dos nomes mais célebres das artes plásticas chinesas.

As autoridades da China alegam que o artista foi detido por evasão fiscal; seus apoiadores dizem que a prisão foi politicamente motivada por críticas ao governo.

Tradução de ROGÉRIO ORTEGA