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Sarkozy e Hollande trocam farpas na TV

Os dois disputam, no domingo, segundo turno para Presidência da França; socialista leva vantagem em pesquisa

Analistas apontam que debate, visto como a última chance do governista, não deve ser decisivo para pleito

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O debate da noite de ontem entre o presidente-candidato Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande foi bastante crispado, bem de acordo com a avaliação prévia dos analistas de que se tratava do "debate da última chance" para o presidente reverter o quadro favorável ao adversário nas pesquisas.

Sarkozy chamou seguidamente Hollande de "mentiroso", a ponto de incomodar o socialista, que devolveu com uma frase de efeito:

"Eu defendo as crianças da República, você defende os privilegiados".

Traduzindo ataque e defesa: Sarkozy tratou, durante toda a campanha, de demonstrar que Hollande não tinha condições de ser presidente da França.

Nada melhor para tentar demonstrá-lo diante de 20 milhões de telespectadores - quase a metade do eleitorado- do que colar nele o rótulo de "mentiroso".

Já Hollande reagiu usando uma ideia recorrente na França, a de que Sarkozy é o "presidente dos ricos".

A julgar pela avaliação de especialistas, o debate terá influência mínima na decisão dos eleitores. Frédéric Dabi, diretor-geral do IFOP, o mais antigo instituto da França, mergulhou nos seus arquivos para dizer depois ao "Monde":

"Os debates não mexem nada, absolutamente nada. Tudo se passa como se servissem simplesmente a ancorar um pouco mais mais cada um em suas convicções".

Se é assim, os simpatizantes de um e do outro tiveram bastante munição, porque Sarkozy e Hollande repetiram, o tempo todo, as propostas que apresentaram ao longo da campanha.

OFENSIVAS

O socialista atacou a herança de Sarkozy, lembrando por exemplo que, na campanha de 2007, o presidente prometera reduzir o desemprego a 5%. Ele termina o mandato com o dobro.

Sarkozy, de seu lado, acusou o adversário de pretender seguir políticas rejeitadas pela Alemanha -o país que está dando certo na Europa.

Expuseram suas divergências sobre políticas imigratórias, trecho em que Sarkozy insistiu na pregação contra um suposto avanço do islamismo na França.

Mas, surpreendentemente, acabaram concordando em rejeitar a austeridade como única política de combate à crise. Hollande repetiu sua proposta de modificação do pacto fiscal europeu para nele incluir "a dimensão do crescimento".

Sarkozy, identificado com a austeridade, rebateu: "Jamais quis a austeridade na França", passando a citar números para provar a sua tese.

Se austeridade significa reduzir a dívida e o deficit, a França de Nicolas Sarkozy não foi austera, tanto que a dívida subiu de 64,2% do PIB para 85,8% durante o seu quinquênio.

Tudo somado, se o diretor do IFOP tem razão, Hollande ganha no domingo: a mais recente pesquisa, justamente do IFOP, lhe dá 53%, ante 47% para Sarkozy.

Mas a diferença está caindo a cada pesquisa desse instituto: era de dez pontos logo após o primeiro turno, passou a oito na pesquisa fechada dia 29 e agora está em seis.

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