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Ataques em Damasco matam ao menos 55

Atentados marcam dia mais sangrento na capital desde o início da insurgência, há 14 meses; 400 foram feridos

Explosões causadas por carros-bomba geraram cenário de devastação semelhante àquele da guerra civil no Iraque

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A capital da Síria viveu ontem seu dia mais sangrento em 14 meses de revolta contra o ditador Bashar Assad. Ao menos 55 pessoas morreram e quase 400 ficaram feridas nas explosões de dois carros-bomba.

Faltavam poucos minutos para as 8h (2h em Brasília) quando os explosivos foram detonados numa área movimentada no sul de Damasco, em frente a um prédio dos serviços de segurança.

De tão intenso, o impacto provocado pelas explosões foi sentido a quilômetros de distância, produzindo um cenário de devastação que lembrou os piores momentos da guerra civil no Iraque.

O atentado salienta ainda mais a complexidade da missão dos observadores da ONU, que estão no país para inspecionar o frágil cessar-fogo em vigor há um mês.

Ninguém assumiu a autoria, repetindo o roteiro de ataques recentes: o regime culpou "grupos terroristas com ajuda estrangeira", e opositores acusaram o governo de forjar o atentado.

A TV estatal colocou no ar imagens ao vivo e sem censura do massacre, mostrando corpos despedaçados e carbonizados, dezenas de veículos em chamas e duas grandes crateras na rua.

As explosões destruíram a fachada de um prédio de nove andares que abriga a maior base da inteligência militar do país, responsável por coordenar a repressão a opositores.

Há anos o complexo funciona como prisão e centro de tortura, disseram ativistas da oposição.

Em um comunicado, o Ministério do Exterior disse que os carros-bomba tinham cerca de uma tonelada de explosivos e eram conduzidos por terroristas suicidas.

Detonados quase simultaneamente, em horário e local de grande movimento, eles atingiram principalmente civis, mas o governo diz que há 11 militares entre as vítimas.

TERROR

Várias crianças a caminho da escola foram mortas, segundo a imprensa estatal, que mostrou imagens de cadernos e cópias do Corão queimados. "Esse é mais um exemplo do sofrimento causado ao povo sírio", disse o general norueguês Robert Mood, chefe da missão da ONU, em visita ao local.

"Eu apelo a todos, dentro e fora da Síria, que ajudem a pôr um fim à violência", acrescentou Mood, cercado por uma multidão que gritava palavras de apoio a Assad e acusava os governos do Qatar e da Arábia Saudita de financiar o terror no país.

Embora os principais centros urbanos estejam sob forte segurança, vários atentados a bomba foram cometidos nos últimos meses em Damasco e outras grandes cidades, como Aleppo.

O uso de carros-bomba e de suicidas reforçou suspeitas de que grupos ligados à rede Al Qaeda tenham se estabelecido no país a fim de repetir um cenário de caos sectário como o do Iraque.

A revolta que começou com protestos pacíficos em março de 2011 ganhou ares de guerra civil à medida que milícias armadas, formadas sobretudo por desertores do Exército, passaram a responder com fogo à violenta repressão do regime.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado em Londres, estima que cerca de 12 mil pessoas tenham sido mortas desde o início da revolta, a maioria civis -mais de 800 deles após a entrada em vigor do cessar-fogo.

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